Kylian Mbappé concedeu, esta quarta-feira, uma extensa entrevista ao prestigiado jornal francês L'Équipe, na qual, entre outros temas, passou em revista o que foram os seus dez anos como futebolista profissional em França, antes de se mudar para Espanha.
"Sou fatalista em relação ao que é o mundo do futebol, mas não em relação à vida. A vida é magnífica. O futebol é o que é. Gosto de dizer que as pessoas que vão ao estádio têm a sorte de apenas verem um espetáculo e não saberem o que acontece nos bastidores. Sinceramente, se não tivesse essa paixão, o mundo do futebol já me teria enojado há muito tempo", começou por dizer o atual avançado do Real Madrid, antes de falar do 'fantasma' do dinheiro.
"Quanto mais dinheiro tens, mais problemas tens. O dinheiro pode destruir tudo. Há pessoas que não veem que a tua vida está a mudar, querem conservar a imagem de quando eras pequeno, de quando estavas com eles... Mas agora não és o mesmo. Tens responsabilidades, compromissos, um trabalho e contas a prestar. É bom crescer, chegar lá acima com a mesma família e uma base de confiança. Mas às vezes as coisas não funcionam assim e há que o assumir. Isso não significa que o caminho tenha terminado, mas apenas que esse vínculo não funciona mais. Há muitos desportistas que enfrentam este problema", prosseguiu, antes de falar sobre o litígio que tem com o Paris Saint-Germain, clube que deixou a custo zero para assinar pelo Real Madrid.
"É a legislação laboral. Deram a impressão que queria prejudicar o PSG, mas só assinei um contrato de trabalho, só queria que me pagassem. Não tenho nada contra o PSG, amo o clube, tenho amigos ali. Mas [recorrer aos tribunais] é a única maneira de conseguir o que me devem, algo que ganhei com o meu suor. Goste-se ou não, continua a ser um trabalho. Mas já sabia que não estava a receber quando estava no PSG. Quando o dinheiro não entra, vê-se. Podia ter armado um escândalo enquanto lá estava, mas disse a mim mesmo que não valia a pena. Mas quando vês que não te pagam, passado um tempo, tens de reagir", vincou ainda.
Mãe fala da infância do filho
A propósito deste trabalho, o L'Équipe conversou com Fayza Lamari, mãe do jogador do Real Madrid, que revelou que o filho chegou a pensar que era português... por causa da sua paixão pelo ídolo Cristiano Ronaldo.
"Começou com Zidane, aos 4 anos. Depois, Cristiano Ronaldo, quando chegou ao Manchester United e depois ao Real Madrid. Também tinha o Robinho, o Ronaldinho. Mas com Cristiano... Kylian era português na sua cabeça. Para ele, era português. Ia a casa do pai de uma amiga para ver os jogos de Portugal e apoiar Ronaldo (risos). Estava apaixonado. Dizia: 'Sou português'", vincou a progenitora do avançado internacional por França.
"Aos 14 anos, conheceu Zidane e disse-me: 'mãe, ele tocou-me no casaco, nunca mais o lavo!'. Ele sabe o que esses gestos significam para as crianças", sentenciou.
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