Israel e a "prática de matar": Mais 6 jornalistas 'desaparecem' de Gaza

Entre as cerca de 20 pessoas que morreram num ataque num hospital em Gaza morreram jornalistas. Mais tarde, um sexto foi atingido a tiro. A segunda-feira fica marcada pela morte de seis jornalistas em Gaza e pela condenação da comunidade internacional - já Israel chama-lhe um "trágico acidente".

jornalistas gaza

© AFP via Getty Images

Ana Teresa Banha com Lusa
26/08/2025 08:43 ‧ há 4 horas por Ana Teresa Banha com Lusa

Mundo

Médio Oriente

O início da semana ficou marcado por mais ataques na Faixa de Gaza que, para além de causarem cerca de 20 palestinianos mortos, resultaram ainda na morte de pelo menos seis jornalistas.

 

Tudo começou com um ataque ao hospital de Nasser, onde começou por ser noticiado que quatro jornalistas tinham morrido e um quinto tinha ficado com ferimentos graves. Este último acabou também por morrer e, mais tarde, ainda na segunda-feira, foi anunciada ainda a morte de um outro jornalista.

Os quatro jornalistas a morrerem foram Hossam Al Masri, repórter de imagem da Reuters, Mohamed Salama, repórter de imagem da Al Jazeera, Mariam Abu Dagga (repórter da Associated Press) e Moaz Abu Taha, que foi numa primeira instância associado à NBC News, tendo a estação televisiva vindo esclarecer isto não se verificava - a Reuters explicou depois que já tinha publicado trabalhado com Taha.

Depois de ter sido transferido para o hospital com ferimentos graves, também Ahmed Abu Aziz, que trabalhava para a Quds News Network, morreu.

Ao final do dia também foi anunciada a morte de um sexto jornalista, Hassan Douhan, que terá sido atingido a tiro por soldados israelitas em Khan Younis. De acordo com a publicação Middle East Eye, Douhan era o editor da publicação Al-Hayat al-Jadida, o diário da Autoridade Nacional Palestiniana. Douhan era um jornalista de investigação que, de acordo com a imprensa, estava a orientar vários jornalistas a trabalhar no enclave.

De acordo com o Comité para a Proteção de Jornalistas, desde que o conflito se intensificou no Médio Oriente, com os ataques de 7 de Outubro, já morreram cerca de 200 jornalistas.

Netanyahu fala em "trágico acidente", mas o resto do mundo condena

Após as primeiras mortes serem conhecidas, e confirmando o ataque ao hospital, Israel não demorou a reagir, lamentando "qualquer dano a pessoas não envolvidas". As forças israelitas referiram ainda que "não atacam jornalistas enquanto tal" e que foi ordenada uma "investigação preliminar fosse realizada o mais rápido possível".

Mas para além das chefias militares, também o governo reagiu, com o primeiro-ministro israelita a lamentar o "trágico acidente" que matou os jornalistas.

Na nota hoje divulgada pelo seu gabinete, Netanyahu afirma que "Israel valoriza o trabalho dos jornalistas, dos profissionais de saúde e de todos os civis".

"A nossa guerra é contra os terroristas do Hamas. Os nossos objetivos conjuntos são derrotar o Hamas e trazer os nossos reféns de volta para casa", afirmou ainda o primeiro-ministro israelita, a respeito dos objetivos que traçou para o conflito.

Já o Hamas acusou Israel de atacar deliberadamente médicos e jornalistas ao bombardear a unidade hospitalar e denunciou que com este "novo massacre" Telavive quis intimidar jornalistas para que não relatem a "limpeza étnica" que está a acontecer na Faixa de Gaza.

Hamas acusa Israel de visar jornalistas e médicos em ataque a hospital

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O movimento islamita palestiniano Hamas acusou hoje Israel de atacar deliberadamente médicos e jornalistas ao bombardear um hospital e denunciou um novo crime de guerra que se soma a "uma história sangrenta de massacres".

Lusa | 16:33 - 25/08/2025

Para além de Israel e do grupo islamita Hamas, foram várias as reações, nomeadamente, condenações. Portugal considerou o ataque como "inqualificável" e lembrou que os jornalistas, os civis e os profissionais de saúde "devem ser protegidos incondicionalmente".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros, tutelado por Paulo Rangel, vincou ainda, na mesma nota, que "o cessar fogo é um imperativo da mais elementar humanidade e não pode mais ser adiado".

Já a União Europeia (UE) instou Israel a parar com "a prática de matar" jornalistas, médicos e equipas de resgate, após um duplo ataque do Exército israelita contra um hospital na Faixa de Gaza.

"Mais uma vez, peço a Israel que pare com a prática de matar aqueles que tentam informar o mundo sobre o que se passa em Gaza", escreveu a comissária europeia para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Hadja Lahbib, na rede social X.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou veemente a morte dos palestinianos e sublinhou que entre as vítimas estavam médicos e jornalistas. A ONU pediu ainda que fosse desenvolvida uma investigação ao caso, advogando que as mortes em causa realçam os riscos extremos que os profissionais de saúde e os jornalistas enfrentam ao realizarem o "seu trabalho vital no meio deste conflito brutal".

Guterres pede investigação rápida e imparcial a ataque a hospital em Gaza

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu hoje uma investigação rápida e imparcial ao novo ataque israelita a um hospital em Gaza que matou pelo menos 20 pessoas, incluindo jornalistas e profissionais de saúde.

Lusa | 18:27 - 25/08/2025

Também o presidente francês, Emmanuel Macron, condenou o ataque, considerando-o como intolerável e salientando que "civis e jornalistas devem ser protegidos em todas as circunstâncias".

Na mesma publicação onde condenou este ataque, Macron contou que tinha falado com o Emir do Qatar, escrevendo ainda: "Trocámos opiniões sobre a dramática situação em Gaza. Reduzir uma população à fome é um crime que deve acabar imediatamente."

De acordo com dados divulgados pelas autoridades do enclave palestiniano, a ofensiva lançada por Israel em Gaza já fez cerca de 62.700 mortos.

Leia Também: "Inqualificável". Portugal condena ataque israelita a hospital em Gaza

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