Conflito entre Israel e Irão complica (ainda mais) ligações aéreas

Os voos entre o leste asiático e a Europa estão cada vez mais longos, caros e imprevisíveis, apontam analistas, à medida que o conflito entre Irão e Israel junta-se ao encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias.

Avião, Aeroporto de Gatwick, Reino Unido

© Gareth Fuller/PA Images via Getty Images

Lusa
23/06/2025 06:25 ‧ há 9 horas por Lusa

Economia

Médio Oriente

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, as transportadoras aéreas da União Europeia estão proibidas de sobrevoar o território russo, o que levou ao cancelamento de dezenas de rotas e obrigou as companhias a desviarem-se por corredores mais a sul ou pelo Ártico.

 

No caso das ligações com o leste da Ásia, como China, Japão ou Coreia do Sul, o impacto traduz-se em acréscimos de até quatro horas de voo, consumo extra de combustível e, consequentemente, aumento nos custos operacionais e nos preços dos bilhetes.

Nos últimos dias, a intensificação do conflito entre Israel e o Irão, com apoio militar dos Estados Unidos, agravou a situação, levando à suspensão de voos sobre o Irão, Iraque, Síria e Israel. Várias companhias, incluindo Qatar Airways, Lufthansa e Singapore Airlines, ajustaram as rotas ou cancelaram ligações para a região, citando razões de segurança.

Uma fonte de uma grande companhia aérea europeia citada pelo jornal britânico Financial Times sob anonimato disse que, embora as empresas estivessem acostumadas a lidar com encerramentos periódicos do espaço aéreo, a situação atual é "mais grave", porque as companhias passaram a ter um "corredor realmente pequeno" para voar.

Com os principais corredores aéreos bloqueados a norte e a sul, os voos entre cidades como Pequim, Xangai, Seul ou Tóquio e destinos na Europa passam agora por vias mais estreitas, sobrevoando países da Ásia Central, Turquia ou a Península Arábica. A dependência desses corredores aumenta a pressão sobre os controlos de tráfego aéreo e torna qualquer perturbação local numa ameaça ao fluxo global.

Companhias aéreas chinesas, como a Air China e a China Eastern, que continuam autorizadas a utilizar o espaço aéreo russo, ganharam, porém, vantagem competitiva. Os seus voos são mais curtos e baratos, permitindo-lhes oferecer tarifas até 35% inferiores às praticadas por operadores europeus nas mesmas rotas, segundo uma estimativa do Financial Times.

Além do impacto no transporte de passageiros, o setor logístico também regista dificuldades, com atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete.

O especialista Rosen Röhlig apontou num relatório como "o encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias afeta envios de carga aérea na rota Ásia - Europa", levando a "retrocessos em centros globais e aumento dos custos e atrasos".

"A tendência geral é de um aperto adicional na capacidade das transportadoras. Como resultado (...), rotações de tripulação mais longas e aumento nos custos de combustível podem levar a tarifas mais elevadas e alterações nos horários", destacou.

Também um estudo da OCDE demonstrou como "o encerramento do espaço aéreo russo a transportadoras de 36 países provocou aumentos significativos do tempo de viagem para passageiros em cerca de 80% das rotas que ligam a Ásia à Europa".

A mesma análise sublinhou que os corredores alternativos "não conseguem absorver totalmente estes fluxos", originando atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete, com impacto direto nas cadeias de abastecimento globais.

A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), que mantém atualizações regulares sobre zonas de exclusão aérea, alertou que a situação permanece volátil, com o risco de novos encerramentos ou incidentes inesperados.

Leia Também: Coreia do Norte noticia conflito no Médio Oriente (sem relevar posição)

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