Douro. À porta da vindima produtores pedem que Governo concretize medidas

A CNA e a associada Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (Avadouriense) realizaram hoje uma conferência de imprensa em frente ao edifício sede da Casa do Douro, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, para alertar para a vindima que está a começar na Região Demarcada do Douro (RDD) e reclamar que o Governo concretize rapidamente medidas de apoio.

Douro. À porta da vindima produtores pedem que Governo concretize medidas

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Lusa
20/08/2025 12:57 ‧ ontem por Lusa

Economia

Douro

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) reclamou hoje ao Governo a concretização da medida da uva para destilação, que terá uma dotação de 13 milhões de euros, lembrando que se está à porta da vindima no Douro.

 

"Em primeiro lugar, é importante que o Governo concretize a medida dos 13 milhões de euros de apoio à destilação de uva, algo que já vem anunciando há muito tempo, mas que ainda está por concretizar. Estamos à porta da vindima e os agricultores precisam de saber com o que podem contar efetivamente e isso ainda não está no terreno", afirmou Vítor Rodrigues, dirigente da CNA.

A CNA e a associada Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (Avadouriense) realizaram hoje uma conferência de imprensa em frente ao edifício sede da Casa do Douro, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, para alertar para a vindima que está a começar na Região Demarcada do Douro (RDD) e reclamar que o Governo concretize rapidamente medidas de apoio.

Viticultores do Douro queixam-se de dificuldades no escoamento da uva, de as venderem a preços baixos e do corte em 15 mil pipas no benefício (para as 75 mil pipas de vinho), ou seja, da quantidade que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto.

Em julho, o Ministério da Agricultura e Mar anunciou estar a preparar o plano de ação para a gestão sustentável e valorização do setor vitivinícola da RDD, que contempla ações integradas para a redução de excedentes, ajustamento do potencial produtivo e reforço da criação de valor.

Fonte do Ministério da Agricultura disse hoje à agência Lusa que este plano "está concluído" e vai ser agendado para uma reunião de Conselho de Ministros "ainda neste mês de agosto".

Quanto a este plano, Vítor Rodrigues disse que, para já, "é apenas uma manifestação de intenções" e defendeu que ele deve incluir o uso de aguardente regional na produção de vinho do Porto, o que ajudaria a resolver o problema do escoamento de vinho na região, rejeitando liminarmente a redução do potencial produtivo do Douro, nomeadamente através do arranque de vinha.

"E parece que esse é um dos caminhos que está a ser traçado", advertiu.

O responsável exortou ainda o Governo a que adquira 15 mil pipas do vinho do Porto atualmente em 'stock'.

Vítor Herdeiro, da Avadouriense, referiu que o plano anunciado pelo Governo é uma "gota no oceano" e lembrou a dificuldade de venda das uvas que não são destinadas ao benefício.

Já Berta Santos, também dirigente da CNA, alertou para o abandono da atividade e advertiu que uma "região sem gente é pasto para os incêndios".

José Ventura, pequeno viticultor em Armamar, disse que não sabe o que se vai passar nesta vindima, nem as medidas que poderão ser incluídas no plano do Governo ou o que vai fazer às uvas não beneficiadas. Este ano, poderá colher quatro pipas (550 litros cada) de benefício, já colheu 12 pipas há 25 anos.

"Se calhar vão ficar lá penduradas, não as vou cortar", apontou, considerando que "as uvas estão a ser pagas abaixo do custo de produção" e que anda a tirar do ordenado para pôr na vinha.

Referiu ainda que esses custos de produção "há 25 anos" que sobem, enquanto o preço da uva estagnou, e que, a manterem-se as atuais condições, pode desistir da vinha e deixar criar mato.

António Lareiro, de Armamar, queixou-se que a adega onde coloca as uvas "já não paga há três colheitas" e, por isso, a sua preocupação é receber o que lhe devem e garantir que as uvas que vai entregar nesta vindima lhe sejam pagas.

Rosa Matilde é da Galafura, Régua, tem três hectares de vinha e disse que tem vendido as uvas, estando, no entanto, na expectativa para o que vai acontecer este ano.

"Ainda não recebemos as cartas para este ano", referiu, mostrando-se preocupada com o que fazer com o fruto do seu trabalho.

O plano de ação para o Douro foi desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e Mar, em articulação com o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), o Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP).

O ministério referiu que o documento beneficiou ainda da colaboração ativa das associações de produtores, cooperativas e demais estruturas representativas da região.

[Notícia atualizada às 14h59]

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