Diagnosticado com Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) e ansiedade, António Raminhos partilha com os seguidores da sua página de Instagram vários desabafos, em jeito de diário, sobre os desafios que enfrenta diariamente por causa deste diagnóstico.
Esta quarta-feira, dia 25 de junho, o comediante, de 45 anos, descreveu um fim de semana que foi passar com os amigos ao Faial, tempo que viveu em "puro desconforto mental", como indica na partilha em questão.
"Tenho amigos que me colocam em puro desconforto mental. Não é por mal. Estão simplesmente a viver, a criar ligações e experiências. Estão presentes. Eu também estou lá, mas só de corpo. A alma não se conecta e a mente divaga. Foi o que aconteceu esta semana", realçou.
Raminhos revela entretanto que foi convidado para ir "comer a casa de uns estrangeiros amigos dos meus amigos".
"O que vão cozinhar? Sabem que não como carne? Como é a casa?" Era tacos, menos mal, e a casa assumi que seria nova como a de qualquer estrangeiro com um trabalho exótico e que se apaixona por Portugal. Era velha, em obras, a ser recuperada com todo o carinho, mas cheia de pó e material de obras e... o meu coração dispara. Onde está alguém de confiança para me dizer que está tudo bem?", relata.
"Não me sento, não toco em nada, não me mexo. Estou num universo paralelo. Como se estivesse em casa a ver a cena de um filme em que um grupo de amigos se junta à mesa. 'Vou embora...', pensei. Mas, nesse momento, veio à cabeça a minha amiga Irina, que morreu... a viver, a amar. 'Esta música não está na minha lista do Spotify, de certeza que é a minha mãe lá no céu que as muda de vez em quando', diz a anfitriã enquanto sorri e agradece por estarmos ali. E eu baixei a guarda", descreve.
"Que perda de tempo que é estar preso na minha cabeça. Estou a perder o que realmente importa. As palavras, o amor, as memórias. Estão todos a viver isto menos eu. Na verdade eu sei que não estou em perigo. Nós sabemos quando as coisas não fazem sentido. Aqui não tem a ver com esse instinto que nos protege, mas só com a dúvida e o medo irracional. E comi e bebi e conversei e ouvi histórias maravilhosas de baleias e o escuro do mar", notou.
Mas as aventuras não se ficaram por aqui, uma vez que no dia a seguir António Raminhos diz que voltou a comer num sítio desconfortável para si, "enquanto o dono da casa contava histórias mirabolantes e mexia a comida num tacho velho".
"Mais tarde subi ao topo de uma montanha para uma cerimónia de beber cacau feito por uma lituana que não conheço de lado nenhum e que vive, literalmente, numa cabana isolada da floresta. E bebi e agradeci por ter tido a oportunidade de sentir tudo ainda que com medo. Mas também houve momentos que simplesmente não fui à luta. Não se trata de desistir ou fugir, mas de entender e respeitar o momento e até o cansaço. Mas sempre com a certeza que haverá novas oportunidades para criar memórias", completa.
Foram vários os seguidores que elogiaram a "coragem" do comediante em expor as suas "fragilidades", assim como o seu contributo na desmistificação da ansiedade e do POC.
Recentemente, António Raminhos esteve à conversa com Vasco Palmeirim no podcast 'Dos Pés à Cabeça', a quem contou a sua história, bem como a sua luta pela saúde mental, que começou ainda em criança.