"Estas ameaças não afetam apenas a Venezuela, mas também colocam em risco a paz e a estabilidade de toda a região, incluindo a Zona de Paz declarada pela CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), um espaço que promove a soberania e a cooperação entre os povos latino-americanos", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros venezuelano.
Num comunicado publicado no Telegram, a diplomacia de Caracas afirma ainda que "as acusações de Washington à Venezuela com o narcotráfico revelam a sua falta de credibilidade e o fracasso das suas políticas na região".
De acordo com a agência AP, Washington vai colocar em breve em águas da Venezuela três contratorpedeiros Aegis com mísseis guiados, no âmbito do esforço para combater as ameaças dos cartéis de droga latino-americanos.
Um funcionário do Departamento de Defesa confirmou à AP que foram destacados para a região recursos militares em apoio aos esforços de combate ao narcotráfico e que as embarcações seriam posicionadas "ao longo de vários meses".
Segundo a EFE, esta missão envolve um submarino nuclear, uma aeronave de reconhecimento P8 Poseidon, vários contratorpedeiros e um navio de guerra equipado com mísseis.
Questionada hoje sobre o noticiado destacamento militar em águas internacionais das Caraíbas, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o Presidente Donald Trump "está preparado" para conter o narcotráfico e "colocar os responsáveis perante a justiça".
"O regime [de Nicolás] Maduro não é o governo legítimo da Venezuela. É um cartel de droga, na opinião deste governo. Maduro não é um presidente legítimo. É um líder foragido deste cartel, acusado nos Estados Unidos de tráfico de droga para o país", insistiu Leavitt.
O envio de meios navais e militares norte-americanos ocorre numa altura em que Trump pressiona para o uso das Forças Armadas contra cartéis que culpa pelo tráfico de fentanil e outras drogas ilícitas e pela criminalidade violenta nalgumas cidades do país.
Em Cuba, o governo exigiu o respeito pela região como uma "zona de paz" e atribuiu a missão à "agenda corrupta" do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
O ministro do Interior e da Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, reagiu hoje ao anúncio de Washington afirmando que Caracas já posicionou meios navais nas suas águas.
Na segunda-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou o desdobramento no país de 4,5 milhões de milicianos armados.
Sem especificar em que zonas do país serão destacados milicianos e quantos, Maduro indicou que a decisão faz parte de um "plano de paz" e apelou às milícias para que estejam "preparadas, ativadas e armadas".
Hoje, o Ministério dos Transportes venezuelano proibiu em todo o país, durante 30 dias, qualquer tipo de aquisição ou uso de aeronaves remotamente pilotadas ('drones)'.
Os Estados Unidos acusaram em 08 de agosto Nicolás Maduro de narcotráfico, duplicando para 50 milhões de dólares (43 milhões de euros) o prémio pela sua captura.
Num vídeo publicado nas redes sociais, a procuradora-geral norte-americana, Pam Bondi, afirmou que Maduro "é hoje um dos maiores narcotraficantes do mundo e uma ameaça à segurança nacional" de Washington, participando no narcotráfico diretamente e através de "cartéis assassinos sediados na Venezuela e no México".
Em causa estão organizações consideradas terroristas por Washington, como o Tren de Aragua e os cartéis de Sinaloa e dos Sóis.
O Departamento de Justiça apreendeu mais de 700 milhões de dólares em ativos ligados a Maduro, incluindo dois jatos privados e vários veículos, disse a procuradora-geral.
Maduro foi reeleito Presidente em janeiro, numa eleição considerada fraudulenta pela oposição e por grande parte da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos.
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