"A Zero não pode deixar de assinalar a sua deceção com a incapacidade de encontrar um entendimento alargado sobre a necessidade de reduzir os impactos negativos da poluição por plástico, mesmo perante tantas evidências científicas que apontam para a urgência de agir", afirmou a organização em comunicado.
Apesar de reconhecer que era "muito improvável" chegar a um entendimento nesta ronda, a associação sublinha que "este fracasso não deve ser visto como o fim do caminho". Para a Zero, "agora é hora dos países mais ambiciosos, e que lutaram até ao último minuto por um Tratado eficaz para reduzir a poluição por plástico, juntarem forças e avançarem por si".
A organização considera que não seria aceitável ceder à aprovação de um texto sem medidas concretas e acusa a indústria fóssil de condicionar o processo. "Mais importante do que estarem todos, é não parar o processo e não ceder à aprovação de um texto que, não trazendo nada de novo, iria servir de cortina de fumo para garantir que a indústria fóssil conseguiria manter-se no seu negócio", advertiu.
As negociações para o tratado começaram em 2022, envolvendo 175 países, mas os avanços têm sido mínimos. Segundo a Zero, "têm sido usados os mesmos argumentos há mais de dois anos, sem que se vislumbre qualquer convergência".
Nesse contexto, a associação apela aos mais de 120 países que se mostraram empenhados em adotar um acordo juridicamente vinculativo e robusto --- entre eles a Colômbia, o Panamá, as Fiji, o Reino Unido e a União Europeia --- que mantenham a determinação.
A organização pede ainda que estes Estados "mantenham o seu empenho na defesa das medidas baseadas na ciência e [encontrem] novas formas de colaboração e trabalho conjunto para fazer avançar o tema".
Enquanto não há avanços a nível internacional, a Zero lembra que o combate à poluição por plásticos continuará a ser feito por outros meios. "As comunidades que mais diretamente lidam com os maiores impactos da poluição por plástico continuarão a contestar --- inclusive por via judicial --- instalações e práticas nocivas, como a produção e expansão petroquímica, a incineração e o colonialismo dos resíduos", refere.
Leia Também: Prolongadas negociações para acordo mundial sobre plásticos