Seis idosos morreram e outras 25 pessoas ficaram feridas, cinco das quais com gravidade, na sequência de um incêndio que deflagrou num quarto do Lar Bom Samaritano, da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela.
Do incidente às reações, passando pela investigação da Polícia Judiciária (PJ), fique a par do que se sabe:
O alerta foi dado por três funcionárias por volta das 5h00 e, segundo disse o provedor da instituição, Adérito Gomes, o incêndio terá começado num "colchão antiescaras", num quarto com três utentes. As seis vítimas mortais são os três idosos que estavam nesse quarto e outros três que não resistiram à inalação de fumo.
Já o comandante dos Bombeiros Voluntários de Mirandela, Luís Carlos Soares, em declarações à RTP3, revelou que há também a registar "cinco feridos graves e 20 feridos ligeiros", que foram transportados para os hospitais de Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança.
As causas do incêndio estão a ser investigadas e o incidente passou para a alçada da Polícia Judiciária (PJ), que esteve no lar a recolher provas.
Segundo explicou o Comando Distrital da PSP de Bragança, a corporação tomou conta da ocorrência quando chegou ao local, mas, uma vez que houve mortes e feridos, o caso foi encaminhado para a PJ e para o Ministério Público.
Alarme do lar de Mirandela não disparou. Fumo espalhou-se em "20 segundos"
Sabe-se, para já, que o alarme de fumo do lar não disparou quando deflagrou o fogo. Adérito Gomes adiantou à Lusa que o alarme não soou com base na informação transmitida pelas funcionárias, mas garantiu que os extintores do local estavam a funcionar e foram carregados nos prazos previstos e obrigatórios.
O provedor adiantou ainda que, pelas câmaras de vigilância do lar, que já foram analisadas, foi possível perceber que as colaboradoras fizeram a ronda 10 minutos antes de começar a "sair fumo por baixo da porta do quarto" onde estavam três utentes que acabaram por morrer.
Num período de "20 segundos", segundo Adérito Gomes, o corredor ficou completamente cheio de fumo e foi aí que as funcionárias pediram ajuda.
Já Paulo Pereira, que vive a poucos metros do lar e foi o primeiro auxílio, salvando três pessoas, contou que tentou apagar o fogo com os extintores, mas, dos três em que pegou, "apenas um funcionou".
Algumas horas após o incêndio, pelas 9h30, os utentes do lar que não sofreram quaisquer ferimentos começaram a ser transferidos para outros lares da Misericórdia. No total, residiam 89 idosos no lar.
O município de Mirandela prestou também apoio psicológico, logístico aos familiares dos utentes, encaminhando-os para o Centro de Apoio à Vítima, instalado no pavilhão do INATEL.
Marcelo e Montenegro apresentam "sentidas condolências" por "trágico" incêndio
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, apresentaram "sentidas condolências" aos familiares das vítimas do "trágico" incêndio.
Numa nota, publicada esta manhã no site da Presidência da República, lê-se que Marcelo Rebelo de Sousa falou com provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, a quem apresentou "as mais sentidas condolências aos familiares das vítimas do trágico incêndio".
O Presidente disse, ainda, estar "a acompanhar a situação relativa aos idosos que ficaram feridos, esperando a sua rápida recuperação, e transmitindo a sua solidariedade e apoio neste momento de luto".
Já o primeiro-ministro afirmou, na rede social X, que recebeu a "trágica notícia" com "muita consternação".
"Deixo sentidas condolências aos familiares das vítimas mortais e votos de rápida recuperação a todos os feridos. Agradeço também o grande trabalho de todos os que evitaram maiores proporções ao incidente", escreveu.
Recebi com muita consternação a trágica notícia do incêndio no lar da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela. Deixo sentidas condolências aos familiares das vítimas mortais e votos de rápida recuperação a todos os feridos. Agradeço também o grande trabalho de todos os que…
— Luís Montenegro (@LMontenegro_PT) August 16, 2025
Face ao incidente, a Câmara Municipal de Mirandela decretou três dias de luto municipal, "cancelando os eventos de organização direta e partilhada pela autarquia".
Também a Santa Casa da Misericórdia de Mirandela manifestou-se solidária e disse estar a "prestar todo o apoio necessário às famílias das vítimas".
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