CPI do Chega? PSD considera "despropositada", mas aceita comissão do PS

O líder parlamentar do PSD considerou hoje "despropositada e inútil" a proposta do Chega de um inquérito sobre os incêndios desde 2017, mas disse ver "com bons olhos" a do PS de uma nova comissão técnica independente.

Hugo Soares

© PSD

Lusa
25/08/2025 19:53 ‧ ontem por Lusa

Política

Incêndios

Na sessão de abertura da 21.ª edição da Universidade de Verão do PSD, Hugo Soares deixou fortes críticas à forma como os líderes do Chega e do PS acusaram o primeiro-ministro de estar ausente durante o combate aos incêndios, salientando que as recomendações dos peritos após os fogos de 2017 concluíram que tinha sido prejudicial a presença de políticos no teatro de operações.

 

"O primeiro-ministro esteve sempre ao comando das operações, foi as vezes que teve de ir à proteção civil, mas é verdade que não contribuiu para o 'show-off' nem para complicar o teatro de operações", defendeu o secretário-geral do PSD.

No entanto, Hugo Soares distinguiu as propostas dos dois principais partidos da oposição feitas nas últimas semanas, dizendo ver "com bons olhos" a proposta do PS de criação de uma nova Comissão Técnica Independente, "longe dos políticos, longe do combate partidário", apesar de acusar os socialistas de terem sido "um bocadinho ligeiros nas críticas ao Governo"

Já sobre a proposta do Chega de uma comissão parlamentar de inquérito para avaliar a prevenção e o combate aos incêndios desde 2017 até agora e que investigue os "negócios e interesses económicos que alegadamente prosperam" com os fogos, Hugo Soares fez uma avaliação negativa.

"Parece-me absolutamente extemporânea, parece-me absolutamente inútil, mas, sobretudo, completamente despropositada a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, tal qual propõe o Partido Chega. E ela é despropositada porque não serve os seus fins, mas ela é, sobretudo, despropositada porque, com a dor, com o sofrimento e com um assunto que é sério, deve-se evitar fazer política partidária, e é isso que o deputado André Ventura está a querer fazer", acusou.

Na sua intervenção de cerca de meia hora, Hugo Soares defendeu que se registaram no último mês "condições meteorológicas absolutamente extraordinárias e severas" sem par em Portugal e defendeu a atuação do Governo liderado por Luís Montenegro.

"Durante os incêndios, nós tivemos todas as instituições a quem compete coordenar, organizar, combater os incêndios a operar. Nós tivemos o Governo a fazer aquilo que lhe competia, governar", disse, recordando que em 2017 morreram mais de uma centena de pessoas nos incêndios e a Comissão Técnica Independente considerou que foi "um erro colossal" a presença de políticos no teatro de operações.

"Mas nós vimos nas últimas semanas, ainda o país ardia e ardia muito, as críticas ferozes da oposição. E a crítica mais veemente era: o primeiro-ministro está desaparecido, onde está o primeiro-ministro?", afirmou, acrescentando que os líderes do PS e do Chega fizera estes reparos também durante as suas férias, acusando-os de incoerência.

Sobre a proposta do PS de criar uma Comissão Técnica Independente, Hugo Soares considerou que poderá ser "um bom caminho", mas avisou os socialistas que terão de acatar as suas conclusões.

"Se elas voltarem a dizer que desta vez foi bem feito nenhum político ter ido a correr para o teatro de operações, é bom que o PS reconheça que foi ligeiro, pouco cuidado e demasiado rápido e imprudente nas críticas que fez sobre a aparente ausência do primeiro-ministro de Portugal", afirmou.

Hugo Soares deixou, por outro lado, duas perguntas ao deputado André Ventura, pelas quais considerou não se justificar a criação de um inquérito parlamentar.

"Quem é que deve investigar a origem criminosa, quando ela o é, dos fogos em Portugal? É a Polícia Judiciária, a GNR, o Ministério Público ou são os deputados da Assembleia da República? (...) E o debate sobre os incêndios em Portugal, as causas e as consequências, deve ser um debate técnico ou debate enviesado por posições partidárias previamente assumidas?", afirmou.

Hugo Soares criticou ainda um vídeo publicado recentemente nas redes sociais de André Ventura, acusando-o de "fazer um número".

"Um número político de demagogia, de falta de autenticidade e de descaramento, aproveitando-se da dor e do sofrimento dos muitos portugueses que viram o fogo à sua porta, procurando apagar um fogo que, como todos vimos, estava mais do que extinto", disse, pedindo aos alunos da Universidade de Verão do PSD que "não sejam políticos desses".

Na sua intervenção, Hugo Soares reiterou ainda que o PSD "não vai desistir de regular a imigração em Portugal", dizendo que isso "não é ser de direita nem de esquerda, não é ser nem do Chega nem ser do PS, do BE ou do PCP".

"Nem que para isso tenha que voltar a apresentar um novo projeto para poder colmatar aqueles que foram os reparos do Tribunal Constitucional nos últimos diplomas", disse, referindo-se ao 'chumbo' de várias normas da lei dos estrangeiros pelos juízes do Palácio Ratton e que terão de ser alteradas ou retiradas do diploma para que este possa entrar em vigor.

Leia Também: Chega quer que inquérito avalie prevenção e combate aos incêndios desde 2017

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