A União Europeia pode vir a aceitar, no mercado europeu, modelos de carros que cumpram as normas dos Estados Unidos da América - que têm diferenças. Pelo menos, é uma das possíveis interpretações de um dos pontos do anúncio conjunto relativo ao novo acordo comercial entre as duas partes.
Para além das questões tarifárias, os dois blocos estipulam: "Os Estados Unidos e a União Europeia comprometem-se a trabalhar juntos para reduzir ou eliminar barreiras não tarifárias".
No setor automóvel, isto poderá significar a permissão, na UE, a veículos que respeitem as normas dos EUA: "Os Estados Unidos e a União Europeia tencionam aceitar e fornecer reconhecimento mútuo aos padrões de cada um", pode ler-se.
As diferenças entre as normas de homologações de cada um dos lados do Atlântico leva a que os fabricantes tenham, muitas vezes, de adaptar os seus modelos para cumprir as orientações para cada um dos mercados. Se não tiverem de o fazer, podem poupar quantias importantes no desenvolvimento.
A julgar pelo anúncio conjunto da semana passada, essa necessidade poderá deixar de existir no futuro. Mas o mesmo comunicado também parece abrir espaço à criação de padrões comuns: "A União Europeia e os Estados Unidos comprometem-se a melhorar oportunidades para cooperação técnica entre as organizações de desenvolvimento de padrões da UE e dos EUA, com o objetivo de identificar e desenvolver padrões para o mercado transatlântico em setores chave de interesse mútuo".
Este entendimento poderá significar que automóveis homologados nos EUA possam ser comercializados nos países da UE sem necessidade de alterações adicionais para cumprir as normativas habitualmente mais exigentes - não só do ponto de vista das emissões, como também da segurança. O mesmo acontece no sentido contrário.
Mas o texto do comunicado refere, apenas, uma intenção de trabalho conjunto, para além de redução ou eliminação das barreiras extra tarifárias. Ou seja, o que daqui sair pode não resultar numa simples permissão mútua das homologações.
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