Dois dos 13 sobreviventes do acidente com um balão de ar quente que se incendiou e caiu, no sábado, em Praia Grande, Santa Catarina, no Brasil, quebraram o silêncio sobre a tragédia, que causou oito vítimas mortais, revelando que "a lama amorteceu" a queda e evitou "mais lesões".
O engenheiro Victor Hugo Mondini Correa e a médica veterinária Laís Campos Paes contaram que saltaram da estrutura em chamas e caíram numa área de vegetação.
"A lama amorteceu a nossa queda. A gente conseguiu evitar mais lesões por causa dessa lama", disse o homem, citado pelo site g1.
Este era o primeiro voo do casal num balão de ar quente. "A gente nunca tinha voado, a gente nunca tinha nem visto nenhum voo. Então a gente não sabia se aquilo era normal ou não", referiu, ao recordar que a estrutura começou a descer.
"A gente sabe que vai lembrar disso a vida inteira. Isso não vai sair da cabeça, não existe essa função de deletar, né? E é isso. A gente vai aos poucos organizando a cabeça para poder seguir em frente, agradecendo por estarmos vivos, mas muito tristes pelas pessoas que não conseguiram", confessou o engenheiro.
Voo de balão que caiu durou 4 minutos. Algumas vítimas saltaram 45 metros
Recorde-se que o voo do balão de ar quente durou apenas quatro minutos dos 45 previstos. A informação foi avançada pelo g1, que citou um anúncio da Sobrevoar, a empresa responsável pelo voo.
Além disso, sabe-se que das oito vítimas mortais, quatro atiraram-se do balão em chamas a cerca de 45 metros de altura. As outras quatro, como já era conhecido, morreram carbonizadas.
O balão começou a descer e, quando estava perto do solo, 13 das 21 pessoas a bordo, incluindo o piloto, conseguiram saltar. Os 13 sobreviveram e apenas cinco tiveram de receber tratamento hospitalar, embora já tenham recebido alta.
Sabe-se que o balão tinha capacidade para carregar até 27 pessoas ou 2.870 quilos. A 'Sobrevoar' operava desde setembro de 2024 e tinha autorização da autarquia para operar. A empresa informou que suspendeu as atividades e que o piloto tentou salvar todos a bordo.
De realçar que as chamas no balão começaram assim que a estrutura levantou voo. As causas do acidente ainda não foram apuradas, mas o piloto, que já foi ouvido pela Polícia Civil, detalhou que o fogo começou no cesto do balão e terá sido provocado por um maçarico.
"Esse maçarico estava dentro do cesto. Ele [piloto] não soube precisar se ficou aceso, se ele acabou tendo uma chama espontânea, mas que foi desse equipamento que estava dentro do cesto que acabou pegando fogo e pegando fogo no cesto", disse o investigador Tiago Luiz Lemos, citado pelo g1.
Além disso, de acordo com o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, o extintor não funcionou. "Segundo o que foi identificado, o extintor não funcionou e não foi possível apagar [o fogo]. O balão, então, sobe um pouco e vai até o solo. Um conjunto de pessoas, que são 13, conseguem sair nesse primeiro momento. O balão acaba ficando leve em razão da saída dessas pessoas e sobe novamente", disse.
Praia Grande, no extremo sul do estado de Santa Catarina, é uma região conhecida como Capadócia brasileira e é um famoso destino para a prática do balonismo.
Leia Também: Quem é Juliana, a jovem brasileira desaparecida após queda na Indonésia?