O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, desvalorizou, esta terça-feira, o facto de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter divulgado uma mensagem privada que lhe enviou.
De recordar que na sua plataforma Truth Social, Donald Trump partilhou algumas capturas de ecrã com os elogios do antigo primeiro-ministro neerlandês, no dia em que começou a cimeira da Aliança Atlântica, em Haia. Na mensagem, Rutte elogiava o "grande sucesso" dos ataques norte-americanos contra o Irão.
Em declarações aos jornalistas, o líder da NATO disse não ter qualquer "problema" com o facto de Trump ter partilhado a sua mensagem.
"Não tenho absolutamente nenhum problema com isso, porque não há nada nela que tenha de permanecer secreto", disse, segundo cita a Sky News.
Mas o que dizia a mensagem?
"Parabéns e obrigado pela sua ação decisiva no Irão. Foi realmente extraordinário e algo que mais ninguém se atreveu a fazer", lia-se na mensagem enviada por Mark Rutte a Trump, em referência aos bombardeamentos da aviação norte-americana na madrugada de domingo.
Além disso, o secretário-geral da NATO comentou que os Estados Unidos "estão a partir para mais um grande sucesso" em Haia, onde os aliados da NATO vão decidir o aumento das despesas com defesa.
"Vocês vão conseguir algo que NENHUM presidente norte-americano conseguiu em décadas", declarou Rutte, usando as maiúsculas que Trump usa em publicações próprias nas redes sociais.
A Europa vai pagar "um preço ENORME" para financiar a defesa "como deve ser" e "essa será a sua vitória", escreveu ainda Rutte a Donald Trump, que critica frequentemente os "caloteiros" europeus.
Depois de Trump partilhar as capturas de ecrã, a NATO atestou a veracidade das mesmas. De acordo com a organização, "a mensagem foi enviada pelo secretário-geral a Trump na terça-feira, quando se dirigia a Haia para a cimeira de líderes da NATO".
A cidade holandesa de Haia acolhe, hoje e na quarta-feira, a cimeira da NATO, prevendo-se novo compromisso entre os 32 países aliados para gastarem mais em defesa face à instabilidade geopolítica mundial.
Os Aliados devem chegar a acordo para afetar 3,5% do PIB dos 32 países aliados a gastos militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de dupla utilização, civis e militares (como relativas à cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica), um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.
Portugal está representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo, respetivamente.
Recorde-se que o presidente dos Estados Unidos tem sublinhado repetidamente que os países europeus da NATO e o Canadá devem pagar mais pela defesa e dedicar-lhe pelo menos 5% do PIB.
No passado domingo, os Estados Unidos executaram bombardeamentos contra instalações nucleares iranianas, envolvendo-se diretamente no conflito entre Irão e Israel, e, na segunda-feira, Teerão reivindicou um ataque de retaliação contra uma base norte-americana no Qatar.
No mesmo dia, e após quase duas semanas de ataques aéreos cruzados entre Israel e o Irão contra os respetivos territórios, Trump anunciou um acordo de cessar-fogo entre as partes.
Na véspera do arranque da cimeira, o secretário-geral da NATO rejeitou que os Estados Unidos tenham violado a lei internacional durante os bombardeamentos ao território iraniano.
Rutte acrescentou que os 32 países que integram a organização "concordaram há muito tempo que o Irão não pode desenvolver armas nucleares".
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