O Conselho dos Guardiões, órgão de controlo constitucional composto por seis clérigos especialistas em direito religioso - nomeados pelo Guia Supremo - e seis juristas, aprovou o plano aprovado na quarta-feira pelo parlamento, que pediu ao Governo a suspensão da cooperação com a AIEA.
A agência da ONU declarou na quarta-feira que a sua prioridade agora é voltar a entrar nas instalações de desenvolvimento do programa nuclear iraniano, bombardeadas pelos Estados Unidos no dia 13, no âmbito do conflito de Israel e da suspeita de que Teerão estaria perto de conseguir fabricar uma bomba nuclear.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, anunciou na quarta-feira que tinha escrito ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão para pedir uma reunião e discutir visitas técnicas às instalações nucleares até porque o paradeiro de 408 quilos de urânio altamente enriquecido (a 60%, muito próximo do nível necessário para construir bombas nucleares) é uma das grandes incógnitas após os bombardeamentos.
Hoje, numa entrevista a uma rádio francesa, Rafael Grossi admitiu estar muito preocupado com a relutância do Irão em retomar as inspeções às instalações nucleares após os ataques de Israel e dos Estados Unidos.
Rafael Grossi salientou que a presença da AIEA "não é um gesto de generosidade", mas antes "uma obrigação legal", uma "responsabilidade internacional" do Irão enquanto membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que estabelece a existência de um sistema de inspeção.
O diretor-geral da AIEA adiantou que, já antes da guerra, o Irão não cooperava adequadamente.
"Encontrámos vestígios de urânio em locais onde não os devíamos ter encontrado, e as suas respostas não foram fiáveis. Houve dissimulação e não houve transparência", afirmou.
Sobre a questão de saber se o bombardeamento norte-americano às instalações nucleares eliminou a possibilidade de o Irão ter a bomba durante décadas, como afirmou o Presidente dos EUA, Donald Trump, Grossi considerou tratar-se de uma declaração política, mas adiantou considerar que será muito mais difícil para o Irão "continuar ao ritmo a que estava".
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