Contactado pela agência Lusa, a propósito da decisão do Governo de atenuar a ausência de cinco meios aéreos no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) 2025, Vítor Paulo Pereira disse que é uma decisão "muito nefasta" para o Alto Minho caracterizado por "um relevo muito montanhoso que só os meios aéreos permitem um combate mais eficaz".
Segundo o socialista Vítor Paulo Pereira, o distrito "vai ficar numa situação de maior fragilidade por ser um dos que no país tem menos bombeiros disponíveis".
"Isto nem é uma questão de estar a fazer política. É uma questão de salvaguardar a população e de evitar todas as consequências negativas de grandes incêndios que são uma ameaça latente todos os verões. Com menos um helicóptero a situação torna-se mais difícil", sustentou.
Na quarta-feira, o secretário de Estado da Proteção Civil disse que para mitigar a ausência de cinco meios aéreos no DECIR 2025 vai ser deslocado um dos dois meios aéreos, que ainda está em manutenção, do heliporto de Arcos de Valdevez, para Portalegre.
"Temos tido dificuldades que decorrem de situações que nos ultrapassam, designadamente o concurso da Força Aérea que ficou deserto e nos impossibilita de, no curto prazo, ter todos os meios disponíveis que gostaríamos de ter", disse Rui Rocha aos jornalistas durante visita à Base de Apoio Logístico de Castelo Branco.
Vítor Paulo Pereira acrescentou que além do relevo muito acidentado e da falta de bombeiros, "as condições climatéricas, este ano, contribuíram muito para o aumento da carga combustível".
"Tudo isto nos deixa muito preocupados. O Governo disse que ia fazer tudo para que o meio aéreo regresse, mas como também sabemos das dificuldades da contratação pública, temo que a reposição do helicóptero já não seja feita a tempo", realçou.
O DECIR 2025 previa 79 aeronaves, mas, neste momento, a poucos dias da entrada em vigor da fase Delta, considerada a mais crítica (a partir de terça-feira e até 30 de setembro), falta garantir cinco meios aéreos.
A partir de terça-feira, Portugal pode também contar com uma parelha de aviões médios anfíbios Fire Boss, no âmbito do programa rescEU, para atuar sempre que as capacidades de resposta nacionais sejam insuficientes perante situações extremas.
Estes meios envolvem um investimento de cerca de 2,6 milhões de euros, financiados a 75% pela Comissão Europeia, e permitem um reforço das capacidades no combate aéreo a incêndios rurais.
O programa resceu foi criado no âmbito do mecanismo de Proteção Civil da União Europeia para assegurar uma resposta rápida, eficaz e coordenada a emergências de grande escala.
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