Maria Luemba, uma jovem de 17 anos, foi encontrada morta na casa da família, em Sever do Vouga, distrito de Aveiro, no passado dia 12 de junho. As autoridades foram chamadas ao local e o corpo foi encaminhado para autópsia.
No entanto, o caso acabou arquivado porque, confirmou a Polícia Judiciária (PJ) ao Notícias ao Minuto, "não havia indícios de crime", o que deixou a família revoltada, uma vez que acreditam que a morte de Maria Luemba teve intervenção de terceiros, mais precisamente, de um vizinho com quem já tinham tido problemas.
Em entrevista à TVI, a avó da adolescente contou que foi o neto, de seis anos, que descobriu a irmã. Quando chegou de autocarro da escola, a porta de casa estava aberta, assim como a do quarto da irmã.
Além desse detalhe, a idosa enlutada relata outros factos, entre os quais a forma como o corpo estava posicionado e o estado do memso. “É impossível que ela tenha tirado a própria vida. Alguém entrou ali e assassinou a minha neta”, atirou a mulher em entrevista ao canal de Queluz.
As suspeitas da família recaem sobre um vizinho que, alegadamente, apareceu no local, "de camisa e colarinho fechado até acima” a garantir que “não tinha nada a ver" com o que aconteceu.
Anteriormente, ainda segundo o mesmo relato, o homem já tinha insultado a família, proferido "ameaças de morte" e até "partido um vidro do restaurante" da mãe da vítima.
Entretanto, esta quinta-feira, a Procuradoria Geral da República (PGR) confirmou ao Notícias ao Minuto a abertura de um inquérito ao caso, "o qual se encontra em investigação", tal como o jornal Observador já tinha avançado.
De acordo com a agência noticiosa Angop, também o consulado de Angola no Porto está a acompanhar o caso.
O funeral de Maria Luemba ainda não foi realizado e nas redes sociais, além de muitas pessoas estarem a pedir investigação ao caso, foi convocada uma manifestação com o mote 'Justiça para Maria Luemba', para o dia 29 de junho, às 15h, entre o Rossio e a Praça do Comércio, em Lisboa.
"Tenho muito medo que o racismo esteja aqui plasmado", salienta uma das internautas que partilha, no Facebook, o cartaz da manifestação.
Foi ainda lançada uma petição pública que conta já com quase 7 mil assinaturas - 'Justiça por Maria Luemba — Chega de Silêncio, Chega de Impunidade!'.
Na petição, criada pela família da jovem que morreu, a mesma pede "Justiça por Maria Luemba, uma jovem angolana de 17 anos, brutalmente violada, torturada e assassinada".
"A Maria vivia com a mãe e sonhava com um futuro melhor. Tinha sonhos, tinha voz, tinha vida. Mas foi silenciada da forma mais cruel possível — e tudo indica que o principal suspeito é filho de uma figura poderosa e influente, protegido por um manto de silêncio e impunidade", garantem, assegurando que não se vão "calar enquanto houver um só responsável em liberdade".
A morte da menina chegou entretanto a vários meios de comunicação social angolanos, com quem a família também já falou e relatou as mesmas suspeitas.
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