Uma vizinha do senhor Luís, um idoso que ficou "sem nada" na sequência do incêndio que afetou Fornos de Algodres, no distrito da Guarda, criou uma angariação de fundos para o ajudar. Até às 19h40 desta quinta-feira, já tinham sido reunidos mais de 59 mil euros.
A página de GoFundMe foi criada por uma mulher identificada como Júlia, que tem "uma moradia na aldeia onde o senhor Luís morava há muitos anos, o Casal do Monte". Os fundos destinam-se a Amandina Neves, filha do octogenário.
"Na manhã de hoje, quarta-feira, dia 13 de agosto de 2025, fomos acordados de madrugada com o fogo a avançar rapidamente pela serra. A casa onde residia o senhor Luís fica bem no meio do alto da Serra do Pisco, completamente rodeada por verde, [e] teve logo de ser evacuada, mas não foi possível evitar. Ardeu tudo", lê-se na página.
A vizinha explica que, "felizmente, o senhor Luís está fora de perigo, mas perdeu todos os seus pertences, ficando apenas com a roupa do corpo".
Até às 19h30 desta quinta-feira, foram angariados, através da página GoFundMe, quase 60 mil euros através de cerca de 3,6 mil doações.
A história do senhor Luís, ex-guarda-florestal, foi divulgada pela SIC Notícias. Em declarações à estação televisiva, o octogenário contou que "ardeu tudo, não sobrou nada".
"Fiquei sem nada, só tenho aquilo que tenho no corpo", disse.
Contou também que, antes de as chamas chegarem junto da sua habitação, foi alertado pelos bombeiros e pela Guarda Nacional Republicana, que lhe disseram que "tinha de ir embora".
"Nem sei o que vou fazer. Não sei o que hei de fazer", lamentou.
Esta manhã, a Câmara de Fornos de Algodres e o serviço municipal de Ação Social visitaram o local e contactaram o idoso, a quem entregaram roupa.
"Trouxemos roupa, porque era a sua prioridade, uma vez que o senhor ficou sem nada. Também auscultámos outras necessidades, mas o homem apenas pediu que reabilitássemos a casa da filha, onde foi acolhido", declarou Alexandre Lote, vice-presidente da autarquia, à agência Lusa.
O município comprometeu-se a realizar os trabalhos necessários na referida habitação, acrescentou.
O Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, que se baseia em imagens de satélite do programa europeu Copernicus, precisou que a área ardida neste incêndio, que começou em Trancoso e alastrou para os concelhos de Fornos de Algodres, Aguiar da Beira e Celorico da Beira, totalizava na quarta-feira 13.741 hectares.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) também já revelou que, desde 1 de janeiro, arderam em Portugal continental 75 mil hectares, mais de metade dos quais nas últimas três semanas.
A aérea ardida este ano é nove vezes mais do que em igual período do ano passado e a segunda maior desde 2017.
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio desde 2 de agosto. Esta quinta-feira, a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, anunciou que o Governo decidiu voltar a prolongar a medida até 17 de agosto.
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