O Presidente da República afirmou esta terça-feira, à saída do funeral de Carlos Dâmaso, na Guarda, que morreu no combate às chamas, que "há reflexões a fazer" e coisas a "mudar e a melhorar" no que toca aos incêndios.
"Penso que estamos todos de acordo que terminada esta época, e não sabemos quando termina, é evidente que há reflexões a fazer", disse Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que é "fundamental encontrar um sistema" para que as lições aprendidas vão sendo integradas no combate aos incêndios.
"É fundamental que todos façam o melhor em conjunto para encontrar um sistema que vá aprendendo com as lições, e já há muitas lições que podemos aprender", assegurou.
E exemplificou, dizendo que se aprendeu que "era importante preservar o mais possível vidas humanas e evitar os mortos e os feridos que houve em 2017, mas, infelizmente, há exceções dramáticas".
Da tragédia de Pedrógão, o país também aprendeu que é preciso prevenir mais, "mas isso significa que é preciso trabalhar mais ao longo de todo o ano", acrescentou.
No entanto, diz que "não é este o tempo ainda" de fazer essa reflexão e de implementar novas medidas.
O chefe de Estado comentou ainda a polémica que envolve o Governo e, em particular, a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, que estão a ser amplamente criticados pela falta de respostas e de esclarecimentos à população.
"Admito que quem acaba de chegar há dois meses esteja a descobrir os problemas e as respostas a dar", defendeu o Presidente da República, que considerou ainda ser "natural que as pessoas queiram respostas imediatas".
Marcelo Rebelo de Sousa falou da própria experiência enquanto Presidente da República e como, também ele, no início, passou por um processo de aprendizagem em que percebeu a importância da comunicação social e de prestar esclarecimentos.
"Nos primeiros anos como Presidente ouvi coisas ainda muito mais violentas do que nestes últimos anos, porque o Presidente da República era, em teoria, responsável por tudo o que acontece no país", começou por recordar Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
Para o chefe de Estado, no Governo é a mesma coisa.
Contudo, argumentou que "também se aprende a dar respostas", apesar de "nem sempre quem está em situações de sufoco é capaz de perceber a importância da comunicação social e responder em conformidade".
O chefe de Estado confessou ainda que "as coisas mais dolorosas" que viveu durante os mandatos "foram os fogos e a pandemia".
O Presidente da República falava à saída do funeral do ex-autarca de Vila Franca do Deão, que morreu na sexta-feira. De manhã, Marcelo Rebelo de Sousa já se tinha pronunciado sobre esta morte, afirmando que Portugal é um país composto por um povo "particularmente solidário" e que a morte de Carlos Dâmaso é um "episódio tradutor" dessa solidariedade.
Para além do ex-autarca, o país registou uma outra vítima dos incêndios - embora, não diretamente. Trata-se de um bombeiro que morreu num acidente de viação a caminho de um incêndio. Marcelo Rebelo de Sousa marcou presença no velório do mesmo na segunda-feira.
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