O número de queixas relacionados com as urgências hospitalares disparou 90% entre janeiro e agosto deste ano face ao período homólogo do ano passado, com o serviço de Obstetrícia a motivar "o maior volume de reclamações em cenário de urgência, com 31% dos casos denunciados".
Uma análise do Portal da Queixa enviada ao Notícias ao Minuto indica que "foram registadas quase 3.500 reclamações dirigidas ao setor da saúde, sendo que 1.800 queixas estão relacionadas especificamente com serviços de urgência hospitalar".
A análise em questão corresponde ao período entre o início de janeiro até 17 de agosto.
"Os dados revelam que, no primeiro semestre de 2025, o aumento do número de reclamações é bastante expressivo, com um crescimento de mais de 53% em relação ao mesmo período de 2024, e os meses de maio e junho apresentaram picos de aumento superior a 80%", detalham os especialistas.
Na mesma nota, é referido ainda que "o maior destaque está relacionado com os serviços de urgência hospitalar, onde se observa um aumento de quase 91%, em comparação com o primeiro semestre do ano anterior".
Em termos de urgências, os "maiores aumentos mensais também foram em maio e junho com percentagens superiores a 131%".
Os motivos das reclamações
A análise enviada especifica ainda os motivos pelos quais os utentes mais reclamaram até agora: "Na origem da insatisfação dos utentes com os serviços de urgência estão motivos que envolvem mau atendimento (36,62% das queixas), falta de comunicação (22,14%), cobranças indevidas (15,80%), segurança e qualidade dos serviços (10,74%) e tempos de espera excessivos e incumprimento de prazos (9,25%)."
Para além do serviço de Obstetrícia a liderar com 31% das queixas, segue-se a Ginecologia, com 10% e a Pediatria, 8%.
"Segundo aferiu a análise, os hospitais do setor público e privado, especialmente em Lisboa, Porto, Setúbal, Aveiro e Braga são os mais reclamados, refletindo a gravidade da situação em regiões densamente povoadas", lê-se.
É, no entanto, no Serviço Nacional de Saúde que está concentrada a maior percentagem das queixas em serviços de urgência (24%). Segundo os dados no Portal da Queixa, as entidades que seguem são a CUF (17,61%); a Lusíadas Saúde (11,44%); o Hospital da Luz (7,67%) e o Trofa Saúde (4,22%), todas do setor privado.
Note-se que a crise nas urgências que já se tem vindo a arrastar no tempo continua, com momentos em que o Ministério da Saúde é muitas vezes criticado. Os partos em ambulâncias têm sido também este ano amplamanete noticiados.
"Este ano, já foram contabilizados 56 partos em ambulância ou fora do domicílio (o mais recente, aconteceu mesmo numa rua, no Carregado), e atualmente, o SNS só possui metade dos médicos obstetras necessários para assegurar todas as urgências que se tornaram rotativas", lembra a análise.
Leia Também: Mais partos em ambulâncias? "Não está relacionado com fecho de urgências"