O primeiro-ministro, Luís Montenegro, convocou um Conselho de Ministros extraordinário para esta quinta-feira com o objetivo de aprovar medidas de apoio às populações afetadas pelos incêndios florestais. Afinal, qual é o impacto económico dos incêndios?
Fonte do Governo disse à Lusa que a reunião do Executivo vai decorrer durante a tarde em Viseu, um dos distritos atingidos pelos incêndios nas últimas semanas.
O Notícias ao Minuto já tentou obter mais informações sobre os apoios junto do Ministério da Economia, mas até ao momento não foi possível obter uma resposta.
O impacto económico dos incêndios
O impacto económico dos incêndios dos últimos dias é "profundo" e podem ascender já a 2,3 mil milhões de euros, adiantou, na terça-feira, o presidente da Direção Regional Norte da Ordem dos Economistas, Carlos Brito, ao Notícias ao Minuto, tendo em conta a área ardida até esse dia - sendo que hoje já é superior.
"Os incêndios florestais de 2025 estão a revelar-se dos mais graves das últimas décadas em Portugal. Até ao momento (11h30 de 19/08/2025) já arderam mais de 200 mil hectares, uma área que é quase 50% superior à registada em todo o ano de 2024. O impacto económico é profundo, podendo ser estimado em cerca de 2,3 mil milhões de euros até ao momento", explicou Carlos Brito.
O economista adianta que "há desde logo os custos diretos de combate - mobilização de meios aéreos, terrestres e humanos - que se contam em muitas dezenas de milhões de euros, podendo aproximar-se dos valores de 2017, o ano dos grandes incêndios que foram responsáveis por 127 mortes". Porém, "somam-se as perdas de habitações, recursos naturais, explorações florestais e infraestruturas locais, cujos prejuízos ainda não estão totalmente quantificados".
Depois, há também os efeitos indiretos, que "podem ser ainda mais significativos e prolongados": "O turismo rural e de natureza sofre cancelamentos e quebras de procura, representando perdas que podem atingir dezenas de milhões de euros".
Além disso, "o mesmo acontece com a agricultura e a economia local, atingidas pela destruição de terras e respetiva desvalorização, um impacto que se fará sentir ao longo dos próximos anos". Também acrescem os "custos sociais e de saúde, desde internamentos respiratórios até ao impacto psicológico nas comunidades evacuadas".
O economista destaca ainda que existem ainda "perdas que não têm preço: em vidas humanas e na dor das populações ao verem arder toda uma vida de esforços e sacrifícios. Isto sem falar no custo associado à perda de confiança nas autoridades, a começar pelas governamentais".
Este ano, os fogos já provocaram pelo menos dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, que já provocaram três mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
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