Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o momento em que o Irão atacou, esta segunda-feira, a base de Al-Udeid no Qatar, uma das principais instalações militares norte-americanas no Médio Oriente.
Teerão reivindicou o ataque, que aconteceu pouco depois de as autoridades de Doha terem encerrado o espaço aéreo do país.
O anúncio foi feito na televisão estatal iraniana ao som de música marcial, descreveu a agência de notícias Associated Press (AP), e acompanhado de uma legenda no ecrã: "Uma resposta poderosa e bem-sucedida das forças armadas do Irão à agressão americana".
Posteriormente, o Conselho de Segurança Nacional do Irão confirmou o ataque em comunicado.
"Em resposta à ação agressiva e insolente dos Estados Unidos contra instalações e locais nucleares iranianos, as poderosas forças armadas da República Islâmica do Irão atacaram a base aérea norte-americana em Al-Udeid, no Qatar, há algumas horas", segundo o comunicado.
O texto sublinhou que "esta ação não representa qualquer ameaça" para o Qatar, que é descrito como "país amigo e irmão".
O Conselho de Segurança Nacional do Irão observou que o ataque no Qatar correspondeu ao número de bombas lançadas pelos Estados Unidos contra as suas instalações nucleares na madrugada de domingo e que a base no Qatar foi escolhida por se encontrar fora de áreas povoadas.
Testemunhas no Qatar citadas pelas agências de notícias internacionais confirmaram que escutaram explosões e observaram o que pareciam mísseis nos céus do país.
NOW: Doha, Qatar.
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SCENES ABOVE QATAR pic.twitter.com/znlqB11kIv
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Skyline of Doha some minutes ago.
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Qatar 🇶🇦 pic.twitter.com/ffVvwjOZcB
As autoridades de Doha indicaram ter intercetado os mísseis iranianos com sucesso e que não houve vítimas e condenaram "uma flagrante violação" da sua soberania, do espaço aéreo e das leis internacionais, reservando-se "o direito a responder diretamente".
O espaço aéreo do Qatar, que pouco antes do ataque tinha sido encerrado, está agora seguro, acrescentaram.
O Ministério da Defesa do Qatar confirmou, em comunicado, que o ataque foi dirigido à base aérea de Al-Udeid, mas que a vigilância das Forças Armadas e as medidas de precaução tomadas antes dos disparos evitaram qualquer vítima.
Numa primeira reação, o Pentágono afirmou que não tem conhecimento de baixas norte-americanas em resultado do bombardeamento iraniano.
Segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros qatari, Majed al-Ansari, a base já tinha sido evacuada devido às "tensões na região", ao mesmo tempo que alertou para o risco de a atual escalada no Médio Oriente conduzir a "consequências catastróficas" para a paz e segurança internacional.
"Pedimos a cessação imediata de todas as ações militares e um regresso sério à mesa das negociações", declarou Al-Ansari.
As instalações militares dos Estados Unidos no Médio Oriente encontram-se em alerta máximo. Bahrein, Emirados Árabes Unidos (EAU), Kuwait e Iraque também encerraram os seus espaços aéreos.
Israel lançou a 13 de junho uma ofensiva sobre o Irão, argumentando que o avanço do programa nuclear iraniano e o fabrico de mísseis balísticos por Teerão representam uma ameaça direta à sua segurança.
Desde então, aviões israelitas atacaram uma série de infraestruturas estratégicas, incluindo sistemas de defesa aérea, instalações de armazenamento de mísseis balísticos e as centrais nucleares de Natanz, Isfahan e Fordo, e foram também eliminados comandantes da Guarda Revolucionária, chefes dos serviços secretos e cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.
As autoridades de Teerão indicaram que os bombardeamentos já fizeram pelo menos 400 mortos e 3.056 feridos, ao passo que o governo israelita informou que os mísseis lançados pelo Irão em retaliação causaram a morte de 24 pessoas e ferimentos em 1.272, em território israelita.
No sábado, o conflito assumiu uma nova dimensão com a entrada dos Estados Unidos na guerra, bombardeando as três principais instalações envolvidas no programa nuclear do Irão, entre as quais a unidade de Fordo, com capacidade de enriquecimento de urânio a 60%, segundo os especialistas, e com Trump a ameaçar o regime teocrático de Teerão de mais ataques, se "a paz não chegar rapidamente".
A operação norte-americana que devastou o programa nuclear iraniano resultou de meses de preparação e não visou militares nem a população civil do Irão.
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