No comunicado da XXI reunião extraordinária deste órgão da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a que a Lusa teve hoje acesso, refere que o encontro que decorreu sob orientação do líder do partido, Adalberto Costa Júnior, analisou a situação política, económica e social do país, com destaque para "a grave situação" vivida em Angola entre os dias 28 e 30 de julho.
Em causa esteve a paralisação dos serviços de táxis, em protesto ao aumento dos preços dos combustíveis e das tarifas dos transportes públicos, que resvalou para um tumulto, caracterizado por atos de pilhagem, violência, com um saldo de 30 mortos, 277 feridos e mais de 1.500 detenções, segundo dados da Polícia.
Segundo o comunicado, os protestos contra a subida do preço dos combustíveis serviram também para demonstrar que ficou agravada "a já precária situação social e económica das populações, expostas à fome e à pobreza", resultantes "das más políticas".
"O Comité Permanente da Comissão Política da UNITA reconhece a legitimidade das organizações representativas dos taxistas, em recorrerem a um direito constitucionalmente na defesa dos seus associados, ao decretar a paralisação dos táxis em reposta à subida dos preços dos combustíveis", vinca a nota.
Este órgão da segunda maior força política do país lamentou "as mortes de cidadãos indefesos, muitas das quais resultantes de execuções sumárias por parte de alguns agentes das forças de defesa e segurança, ocorridas durante os protestos populares", deplorando ainda a morte de um agente da Polícia Nacional durante os tumultos, condenando também os assaltos a patrimónios públicos e privados "causando danos elevados à economia".
"O Comité Permanente da Comissão Política da UNITA chama a atenção para a atitude do Senhor Presidente da República que nas suas intervenções públicas e não só (...) em nenhum momento se pronunciou sobre as execuções sumárias, que violam o direito à vida consagrado no artº 30 da CRA [Constituição da República de Angola]", realça o comunicado.
Lamenta também a falta de um pronunciamento do chefe de Estado angolano sobre "as detenções arbitrárias", bem como sobre "o uso desproporcional da força, amplamente denunciado por cidadãos e organizações de defesa dos direitos humanos".
A nível interno, o Comité Permanente da Comissão Política da UNITA condenou veementemente "todas as tentativas de interferências no XIV ordinário do partido, previsto para este ano, "condicionando-o de modo a servir os interesses do poder, tal como aconteceu antes das eleições de 2022".
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