A construção de novas habitações israelitas pode isolar Jerusalém Oriental do resto da Cisjordânia ocupada.
"Esta realidade 'enterra' finalmente a ideia de um Estado palestiniano, porque não há nada a ser reconhecido e ninguém para ser reconhecido", disse hoje o ministro (extrema-direita), na cerimónia de anúncio do plano de habitação, criticado por grupos da oposição e da sociedade civil israelita.
O grupo Peace Now, organização israelita contrária ao estabelecimento de colonatos, criticou hoje as posições do Governo de Benjamin Netahyahu, incluindo o anúncio do Ministério das Finanças e do gabinete militar responsável pela gestão dos novos colonatos.
As autoridades militares têm ainda de aprovar o plano de construção, o que pode acontecer na próxima quarta-feira.
"Estamos à beira de um abismo, e o Governo está a avançar a 'todo o vapor'", denunciou a organização Peace Now.
Durante vários anos, as autoridades israelitas evitaram a implementação do projeto de construção, conhecido como E1, devido à pressão da comunidade internacional, que teme que a expansão dos colonatos impeça o estabelecimento de um Estado palestiniano contíguo a Jerusalém Oriental.
No entanto, desde que Benjamin Netanyahu assumiu o poder em 2022, liderando uma coligação de extrema-direita, foi aprovado um número "sem precedentes" de novos colonatos e de apropriação de terras aos habitantes palestinianos.
"Este não é apenas um plano de construção, é uma mensagem sionista retumbante: uma Jerusalém unida é a nossa capital eterna, e Ma'ale Adumim é parte inseparável dela", disse hoje Smotrich, na cerimónia oficial.
O plano de Smotrich prevê a construção de mais de três mil casas na zona e inclui também o desenvolvimento de uma nova estrada para separar o tráfego palestiniano e israelita e ligar a cidade de Belém, na Cisjordânia, ao sul de Jerusalém, com Ramallah, a norte.
O plano prevê que a estrada venha a contornar a cidade de Jerusalém.
Embora ainda existam alguns procedimentos burocráticos a serem concluídos, se o processo avançar rapidamente, as obras de infraestruturas podem vir a começar nos próximos meses e a construção das casas pode arrancar dentro de um ano.
Hoje, o ministro das Finanças agradeceu o apoio do Presidente norte-americano, Donald Trump, e apelou a Netanyahu para "fazer cumprir a soberania israelita" na Cisjordânia para garantir que "os líderes hipócritas da Europa não tenham nada para reconhecer" em setembro.
No próximo mês, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, vários países, como França, Canadá, Austrália e Portugal, devem reconhecer oficialmente o Estado palestiniano.
O anúncio de Smotrich ocorre numa altura em que a Autoridade Palestiniana e os países árabes condenaram a declaração do primeiro-ministro israelita sobre a expansão territorial de Israel.
Na terça-feira, Benjamin Netanyahu disse que que estava "muito apegado" à visão de um "grande Estado de Israel".
Netanyahu não adiantou mais pormenores, mas os defensores da ideia de expansão defendem que Israel deve controlar não só a Cisjordânia ocupada, mas também partes de países árabes.
O principal tribunal das Nações Unidas, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), declarou no ano passado que a presença de Israel nos territórios ocupados palestinianos é "ilegal" e apelou à suspensão imediata da construção de colonatos, condenando o controlo de Israel sobre as terras que conquistou há quase 60 anos.
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