Após a decisão de Londres, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo colocou hoje 21 cidadãos britânicos na sua "lista negra".
Entre os alvos da diplomacia de Londres estão as corretoras de criptomoedas Grinex e Meer, que negoceiam uma 'stablecoin' - uma moeda digital supostamente estável - ligada ao rublo, chamada A7A5.
Já alvo de sanções britânicas, este 'token' (unidade digital) foi lançado explicitamente em fevereiro passado para fornecer um canal de pagamento alternativo para empresas e indivíduos russos que negoceiam no estrangeiro.
O esquema permite-lhes evitar as sanções impostas pelos Estados Unidos e pelos seus aliados europeus desde a anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014.
De acordo com o Reino Unido, este 'token' movimentou 9,3 mil milhões de dólares (7,978 mil milhões de euros, ao câmbio atual) numa plataforma especializada em câmbio de criptomoedas em apenas quatro meses e foi especificamente concebido "para tentar escapar às sanções" ocidentais.
"Se o Kremlin pensa que pode disfarçar as suas tentativas desesperadas de mitigar o impacto das nossas sanções lavando as transações através de redes duvidosas de criptomoedas, está redondamente enganado", advertiu Stephen Doughty, ministro para a Europa e América do Norte do executivo britânico, citado em comunicado.
Este anúncio segue-se a uma decisão semelhante tomada pelos Estados Unidos na semana passada.
Na mira do Reino Unido estão o Capital Bank, sediado no Quirguistão, e o seu diretor, Kantemir Chalbayev, que "a Rússia utiliza para financiar equipamento militar", segundo a diplomacia de Londres.
Após o anúncio das sanções britânicas e em resposta à "contínua postura de confronto de Londres" e de "demonizar a Rússia ao fabricar ativamente narrativas antirrussas", a diplomacia de Moscovo colocou na sua "lista negra" vários elementos da comunicação social britânicos, organizações não-governamentais, empresas de consultoria e de 'think tanks'.
De acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios estrangeiros, as 21 pessoas abrangidas "disseminaram desinformação e acusações infundadas contra a Rússia", no contexto da guerra na Ucrânia.
Os seus nomes juntam-se a uma longa lista de cidadãos ocidentais que a Rússia colocou como indesejáveis desde a sua invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a que se seguiram vários pacotes de sanções ocidentais.
Na terça-feira, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, juntamente com o Presidente francês, Emmanuel Macron, dirigiu uma reunião 'online' com cerca de trinta países, na maioria europeus, em apoio à Ucrânia.
A reunião ocorreu um dia após as negociações em Washington do Presidente norte-americano, Donald Trump, com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a que se juntaram os principais líderes europeus e o secretário-geral da NATO.
Em cima da mesa, está a possibilidade de uma cimeira dos líderes dos países beligerantes com Trump, envolvendo trocas de territórios e garantias de segurança para Kiev, mas o esboço de um acordo parece ainda distante.
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