Pela primeira vez, a justiça portuguesa condenou um menor por terrorismo - e, apesar de não serem conhecidas muitas informações acerca do assunto, devido à idade, há alguns detalhes que vão sendo conhecidos.
A notícia foi avançada na terça-feira pelo canal Now, que apurou que a condenação foi levada a cabo pelo Tribunal de Família e Menores de Cascais.
Em causa está um adolescente de 16 anos que terá ameaçado colocar bombas na Mesquita de Lisboa. A denúncia foi feita pela própria mesquita à Polícia Judiciária (PJ), depois de a instituição ter recebido e-mails não só com discurso de ódio contra muçulmanos, como também ameaças de colocação de bomba no local, que é a principal mesquita da comunidade islâmica portuguesa.
Segundo o que explica o Now, no âmbito da investigação, a Unidade Nacional de Contra Terrorismo identificou o autor das ameaças, tendo ficado "surpreendida", segundo conta o canal, com a idade do suspeito, que é também "filho de mão imigrante."
O caso acabou por acontecer sob a Lei Tutelar Educativa, aplicada quando está em causa "a prática, por menor com idade compreendida entre os 12 e os 16 anos, de facto qualificado pela lei como crime."
A radicalização e as buscas
O canal adianta ainda que nas buscas realizadas pela PJ, as autoridades encontraram vários sinais de radicalização e relação com a extrema-direita. Depois, foi feita uma análise ao computador do adolescente, confirmando-se assim a radicalização.
Foram ainda colocada em causa a possibilidade de terceiros quererem recrutar o jovem, mas essa hipótese foi colocada 'de parte', tal como também indica o Expresso. O semanário adianta que o menor não foi influenciado por grupos de extrema-direita portugueses e ter-se-á radicalizado sozinho a partir da leitura de sites relacionados com 'aceleracionismo', tendência associada à extrema-direita que defende uma "aceleração" do capitalismo e o caos para "derrubar" a ordem existente.
Onde está o menor?
Segundo o Now, após a detenção o menor chegou mesmo a ser libertado, mas a 'resposta' que teve voltou a levá-lo para uma vigilância mais apertada.
Após ter sido presente a um juiz, e devido à sua idade, foi libertado: mas foi 'apanhado' a partilhar na internet algumas partes do processo, em publicações que teriam um "discurso jocoso", nomeadamente, com polícias e tribunais.
Desta forma, o juiz reverteu a primeira decisão e acabou por ordenar o internamento num centro educativo.
PJ alertou a semana passada para crescimento de extremismo
Na semana passada, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, mostrou-se preocupado com o aumento de casos relacionados com movimentos radicais e violentos de extrema-direita em Portugal, como o grupo armado que foi hoje desmantelado pelas autoridades.
As declarações surgiram depois de seis membros do grupo de extrema-direita Movimento Armilar Lusitano serem detidos.
Para além de falar sobre o caso na conferência de imprensa destinada a tal, o responsável destacou ainda o aumento dos ataques de ódio em Portugal, dando os exemplos da violência de adeptos do Sporting, que incendiaram um veículo onde seguiam adeptos do Porto - ficando em preventiva - ou a agressão a um ator da companhia teatral A Barraca, por parte de um movimento nacionalista.
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