O candidato à Presidência da República, o almirante Gouveia e Melo, esteve este fim de semana presente na Feira do Livro de Aveiro. Questionado sobre os vários conflitos mundiais a que assistimos, o militar tentou, segundo a SIC Notícias, fugir ao assunto. Porém, não deixou de lançar alguns avisos, um deles referindo-se ao facto de Portugal não estar imune a qualquer consequência.
Os Estados Unidos entraram no sábado na guerra de Israel contra o Irão, bombardeando as três principais instalações envolvidas no programa nuclear iraniano. Gouveia e Melo terá tentado não comentar este ataque, contudo deixou a sua posição sobre a guerra entre Israel e o Irão, desencadeada na madrugada de 13 de junho
“O estado de Israel é do tamanho do Alentejo, uma única ogiva nuclear mataria todas as pessoas. O estado de Israel seria incinerado mas não adianta retaliar. Para estarmos todos mortos, retaliar também não faz sentido”, atirou o ex-chefe do Estado-Maior da Armada, que apresentou a sua candidatura a Belém no final de maio, lançando ainda um aviso para Portugal, na senda das notícias que dão conta da presença de 12 aviões reabastecedores dos EUA na Base das Lajes.
“Não estamos livres de sermos cobiçados por algum estado que de repente se lembre de que o mar dos Açores não devia estar sob o domínio ou controlo dos portugueses, mas sob o domínio de algum estado mais capaz”, frisou.
Ainda sobre o futuro e a forma como os portugueses se devem preparar para fazer frente ao conflito, Gouveia e Melo mostrou-se pouco crente em relação a uma nova ordem militar que não inclua Trump, Xi Jimping e Putin e atirou que quem acreditar nisso “pode dormir descansado e vai acordar um dia com alguém a bater com um pontapé forte à porta. Quem não acreditar, deve preparar-se para evitar que lhe abram a porta ao pontapé”.
Recorde-se que o Ministério da Defesa Nacional já confirmou a presença dos aparelhos aéreos, indicando que "no passado dia 18 de junho, [quarta-feira] os EUA solicitaram, através de nota diplomática, autorização para 12 aviões reabastecedores utilizarem a Base das Lajes, a qual foi concedida". Nuno Melo fez ainda saber que o pedido das autoridades norte-americanas foi feito na quarta-feira e que se tratou de um "procedimento habitual".
Certo é que a presença destes aviões acontece dias antes de os EUA terem decidido entrar no conflito, que foi desencadeado por Israel sob a justificação da criação iminente de uma bomba nuclear, o que é refutado por Teerão.
Poucas horas depois do ataque norte-americano, o Irão lançou cerca de 40 mísseis contra Israel, acusando os Estados Unidos de destruir as possibilidades de uma solução diplomática para a questão nuclear.
Já este domingo, em conferência de imprensa no Pentágono, o secretário da Defesa norte-americano comentou que os Estados Unidos da América "não pretendem entrar em guerra" com o Irão, apesar de garantirem que vão agir "rápida e decisivamente" caso os seus interesses sejam ameaçados por Teerão como forma de retaliação.
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