Marques Mendes visitou esta tarde o Agrupamento de Escolas Visconde de Juromenha, em Mem Martins, Sintra, uma escola frequentada por alunos de 52 nacionalidades, sendo quase um terço dos 1.500 estudantes de origem estrangeira.
Após uma visita de cerca de uma hora ao agrupamento, onde trocou palavras com alguns estudantes de origem angolana, brasileira ou do Tajiquistão, Marques Mendes disse aos jornalistas que a imigração precisa de ser regulada, mas também integrada, e "uma das formas mais eficazes de ajudar a uma boa integração dos imigrantes são as escolas".
"Porque uma criança, ou um jovem estrangeiro, que anda na escola, aprende português, se sente bem e confortável com os seus colegas, amigos e com a escola, é alguém que chega a casa e faz uma família feliz. Se ajuda a falar o português, ajuda ao ensino da língua portuguesa e, portanto, a integração é mais fácil", sustentou.
O candidato presidencial, apoiado pelo PSD, destacou a importância da escola "para regular a integrar os imigrantes" e elogiou o "papel decisivo" dos professores, frisando que, muitas vezes, há alunos que chegam sem saber falar "uma palavra de inglês" ou português e conseguem ser integrados.
No dia em que o Governo se reúne em Conselho de Ministros para aprovar alterações à lei da nacionalidade, Marques Mendes considerou que o executivo fez bem em definir a imigração como uma prioridade para esta legislatura.
"Este tema é, de facto, um tema prioritário e chamo a atenção de uma medida que já foi do Governo anterior -- portanto, já está em vigor -- que é a ideia de criação de mediadores linguísticos e culturais nas escolas. Por exemplo, aqui nesta escola há, pelo menos, um. Acho que esta é uma boa tendência", disse.
Interrogado, contudo, se essas medidas não são insuficientes -- uma vez que, por exemplo na escola que visitou, há apenas um mediador linguístico para cerca de 500 alunos estrangeiros --, Marques Mendes respondeu que "todos os meios vão ser sempre escassos", mas acrescentou que "o importante é o resultado final", disse.
E, segundo o candidato presidencial, o resultado que viu nesta escola é "um ambiente fantástico", com "boa integração", alunos de "muitas nacionalidades diferentes" onde, mesmo quem, inicialmente, só sabia falar russo, aprendeu a falar português.
"Portanto, nós devemos falar das coisas que estão mal, mas também devemos valorizar as coisas que estão bem", sustentou.
Sobre se concorda com limitações ao reagrupamento familiar, como foi defendido pelo primeiro-ministro, Marques Mendes disse que não tem nada "contra a teoria geral" de medidas dessa natureza, mas quer esperar para ver qual vai ser a "decisão em concreto do Governo".
O candidato presidencial considerou que o reagrupamento familiar é "bom, positivo e favorável à integração", manifestando-se contra uma suspensão total, como tem defendido o Chega, mas disse compreender que tenha de ser regulado.
"Compreendo que há um conjunto de regras a definir, designadamente em que condições é que a família vem, designadamente em termos de emprego e de outras situações", disse.
Já sobre alterações à lei para que cidadãos naturalizados percam a nacionalidade caso cometam crimes, Marques Mendes não se quis pronunciar sem conhecer o que o executivo vai propor sobre esse tema.
"Não é irrelevante saber se é numa direção ou noutra. Há problemas políticos, humanos e problemas de natureza constitucional. Portanto, aqui tenho de esperar mesmo para ver qual é o texto em concreto, para só depois emitir uma opinião", referiu.
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