"Temos 2 países. Um que vive em normalidade, outro deserdado, abandonado"

Rui Moreira é da opinião que a Festa do Pontal foi "uma coisa de mau gosto", mas realça que a "esmagadora maioria dos portugueses, durante o tempo em que o Interior esteve a arder [também] foi de férias".

Rui Moreira; porto

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Natacha Nunes Costa
21/08/2025 08:58 ‧ há 2 dias por Natacha Nunes Costa

Política

Incêndios

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, analisou, na CNN Portugal, a tragédia dos incêndios e a polémica em redor da Festa do Pontal, a tradicional 'rentrée' política do PSD no Algarve, que se realizou enquanto uma parte do país enfrentava fogos devastadores.

 

Para o autarca, a realização da Festa do Pontal em pleno combate aos incêndios, foi "uma coisa de mau gosto, desnecessária e vista como uma parte do país como insensível" e "até o próprio primeiro-ministro, neste momento, já terá chegado à conclusão que foi de mau gosto". Porém, realça que o primeiro-ministro não era o único de férias.

"Não tenhamos ilusões, a esmagadora maioria dos portugueses, durante o tempo em que o Interior esteve a arder foi de férias para o Algarve, para a Comporta, para a Figueira da Foz. Andou para aí a celebrar, em concertos e tudo mais", atirou, salientando que, na sua opinião, "nós temos dois países".

"Temos um país que vive à beira do oceano Atlântico, numa aparente normalidade, onde se concentram cada vez mais pessoas. E há um país deserdado, esquecido, vazio, abandonado, que só quando há este tipo de incêndios é que prestamos atenção", fundamentou.

Por isso, para Rui Moreira, "todos nós", devíamos "por um pouco a mão na consciência" e ver que, "até pelas escolhas que fazemos, contribuímos para essa situação".

Ainda sobre a Festa do Pontal, Rui Moreira defendeu que Luís Montenegro "não tinha de andar a combater os fogos", mas a situação "exigia que o primeiro-ministro e a ministra da Administração Interna, perante a gravidade dos fogos, se tivessem concentrado a acompanhar aquilo que estava a decorrer".

"Acho que aquela ideia de ir para o Pontal não demonstra a devida atenção a um momento em que parece que o país se está a suicidar pelo fogo", concluiu.

Recorde-se que a realização da Festa do Pontal, em Quarteira, no Algarve, foi muito criticada, por ter ocorrido numa altura em que o Norte e Centro de Portugal lutava contra violentíssimos incêndios que não só consumiram milhares de hectares, como destruíram várias casas e até mataram três pessoas.

Enquanto o primeiro-ministro fazia anúncios, como a realização do Grande Prémio de Fórmula 1, no Algarve, milhares de bombeiros, com a ajuda da população, combatiam os fogos que fustigaram a paisagem do Interior.

Perante isso, foram muitos os que reprovaram a festa e a presença de Luís Montenegro e da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, assim como de outros membros do Governo.

Entre eles, o ex-líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos e Rui Rocha, da Iniciativa Liberal.

Para Rodrigues dos Santos, o Pontal "não foi uma rentrée, foi um tiro no pé" e "nunca o contraste entre os festivaleiros de Quarteira e os residentes do país rural, do interior de Portugal, foi tão gritante e clamoroso".

Já para Rui Rocha o anúncio do regresso do circuito de Fórmula 1 ao Algarve "está ao nível de afirmar que a final da Champions é uma compensação para os profissionais de saúde".

Leia Também: Incêndios? Imagem do Governo "não precisa de ser limpa"

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