Já dizia Agustina Bessa-Luis que o "Porto não é um lugar, é um sentimento". Um sentimento que surge muitas vezes em forma de palavras. Por isso, João Carlos Brito, autor do livro 'Falar à Moda do Porto', decidiu fazer agora um inventário afetivo da Invicta, ao qual chamou 'Dicionário Sentimental do Porto'.
O livro, dirigido, segundo o escritor, a "quem não separa a língua da memória, nem o falar do sentir", será apresentado pelas 18h de amanhã, sexta-feira, dia 22 de agosto, na Feira do Livro do Porto.
Editado pela Ideias de Ler, o 'Dicionário Sentimental do Porto' reflete esta cidade onde "as palavras não neutras: têm cor, têm peso, e por vezes até têm dono".
É feito de expressões, memórias, personagens, tradições e um léxico onde cada entrada carrega a espessura de um mundo.
Organizado de A a Z, o 'Dicionário Sentimental do Porto' não é um exercício de erudição, nem um registo etnográfico no sentido frio do termo. É antes uma obra que mergulha na oralidade viva, nos ecos dos tascos, nos risos da Baixa, nos silêncios entre dois goles de cimbalino, nas palavras ditas com aquela pronúncia firme que não se dilui, nem com o tempo, nem com a distância.
Nele convivem o "carago" e o "bitaite", o "fino" e o "bacalhau à Gomes de Sá", as figuras maiores das letras e as personagens anónimas que fazem da cidade um lugar narrado em permanência.
Há espaço para a lenda, para a crónica, para o humor e para a doçura inesperada de certas expressões que, embora saídas de tempos imemoriais, ainda comovem os portuenses e todos os que amam a Invicta.
Recorde-se que João Carlos Brito é autor de romances e coordenou vários projetos ligados à escrita e à língua portuguesa. Um dos seus livros mais recentes é 'Falar à Moda do Porto', que foi muito bem recebido pelo público e pela crítica, destacando-se pela forma como valorizou o modo de falar da maior cidade do Norte do país.
Feira do Livro do Porto começa esta sexta-feira
A Feira do Livro do Porto vai regressar aos Jardins do Palácio de Cristal, de sexta-feira, 22 de agosto, a 7 de setembro, numa edição que homenageia o músico e escritor Sérgio Godinho, o que deixou o artista, como confessou numa entrevista dada recentemente ao Notícias ao Minuto, "contente" por ocorrer na sua cidade.
Além disso, durante 17 dias, os Jardins do Palácio de Cristal vão acolher 113 editoras, livreiros e alfarrabistas distribuídos por 130 pavilhões, e vão ser palco de iniciativas como intervenção mural, concertos, jogos, apresentações de livros, cinema, conversas, exposições e oficinas infantojuvenis, de acordo com a programação disponível.
Logo no primeiro dia, haverá uma intervenção mural pela ilustradora Mariana, a miserável, intitulada 'A Minhoca', inspirada na música 'Lá Isso É' (1978), de Sérgio Godinho.
O concerto de abertura, 'E o coração que o conte/quantas vezes já bateu pra nada', que acontece na Concha Acústica, conta com curadoria de Tiago Andrade e Bruno Rocha, e terá lugar ao fim do dia.
À noite, no âmbito da programação para cinema, o auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett apresenta 'Estilhaços', a partir de um espetáculo de Adolfo Luxúria Canibal.
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