É em poucas palavras que se explica a viagem de quarta-feira do Benfica à Turquia. O clube lisboeta deixou em aberto o apuramento para a fase de liga única da Liga dos Campeões, ao empatar na visita aos turcos do Fenerbahçe (0-0), de José Mourinho, em jogo válido para a primeira mão do playoff desta competição.
De um lado, esteve uma equipa turca com uma postura muito mais tática e tecnicamente inferior ao adversário, enquanto que, do outro lado, apareceu uma formação que foi neutralizando o rival com segurança defensiva e um meio-campo reforçado. Um resultado que permite ao Benfica resolver o assunto em casa dentro de uma semana.
O empate sem golos acabou por transparecer o equilíbrio e a escassez de grandes oportunidades de golo no Sukru Saracoglu Spor Kompleksi, na cidade de Istambul, neste dérbi setubalense em particular entre José Mourinho e Bruno Lage. Um empate simpático em Istambul... e arredores, a lembrar as palavras do treinador do Benfica na antevisão a esta partida.
Expulsão de Florentino quase deitava tudo a perder
Depois de uma primeira parte amorfa de parte a parte, a exibição das águias na segunda parte ficou condicionada pela expulsão de Florentino Luís, que viu dois amarelos em dois minutos, deixando os encarnados reduzidos a dez unidades aos 71 minutos. Dez minutos depois, o VAR entrou em ação e acabou por salvar o Benfica de um erro de Trubin que permitiu a En-Nesyri cabecear para o fundo das redes, mas em posição de fora de jogo.
Ainda não foi desta que o Benfica sofreu golos nesta temporada, ao fim de cinco jogos oficiais realizados. Bruno Lage não conseguiu igualar o recorde de cinco vitórias seguidas sem sofrer golos que já foi fixado por Sporting e FC Porto, este último em duas ocasiões, mas acabou por alcançar um outro recorde. Levou a que as águias, pela primeira vez na sua história, arrancassem uma temporada com cinco jogos sem sofrer qualquer golo.
Ficou quase tudo na mesma porque os encarnados vão decidir a eliminatória na partida decisiva, no Estádio da Luz, na próxima quarta-feira, mas sem Florentino. Quem quiser chegar aos milhões da da Liga dos Campeões, não poderá repetir a receita do nulo de Istambul
Vamos então às notas da partida:
Figura
Anatoliy Trubin esteve a escassos segundos de ser uma das desilusões da partida após um erro na abordagem a um remate de Anderson Talisca, mas acabou por seu um dos esteios da sua equipa em Istambul. Apesar de a qualidade das oportunidades dos turcos não ter sido de grande monta, o ucraniano respondeu com boas defesas sempre que foi chamado a intervir.
Surpresa
Sebastian Szymanski foi o maior perigo em campo para o Benfica, sobretudo pela capacidade criativa e de imprevisibilidade. O polaco protagonizou alguns bons cruzamentos que foram desperdiçados pelos companheiros de equipa. Destaque ainda para um remate de fora da área aos 34 minutos que obrigou Trubin a uma boa defesa.
Desilusão
Nota negativa para Florentino Luís. Até estava a fazer um jogo bem conseguido, mas foi perdendo o discernimento com o avançar da partida. A abordagem ao lance do primeiro amarelo não foi a melhor e deixou a equipa desprotegida quando viu um vermelhou apenas dois minutos depois da primeira admoestação.
Treinadores
José Mourinho
O facto do Benfica ter povoado o setor intermediário com três meio-campistas retirou da partida os criativos do Fenerbahçe. Tirando uma ou outra ocasião, os turcos foram incapazes de incomodar a baliza de Trubin. Após o intervalo, o Fenerbahçe entrou claramente mais intenso com bola, mas não conseguiu retirar frutos do facto de estar em superioridade numérica. O emblema de Istambul encostou o Benfica às cordas na reta final, mas sem conseguir o tão desejado golo.
Bruno Lage
Prevendo uma pressão mais alta por parte do Fenerbahçe, o setubalense desmontou o 4x4x2 que tem apresentado nos últimos jogos e reforçou o meio-campo com a entrada de Florentino Luís. As águias equilibraram forças numa primeira parte que contou com cerca de duas dezenas de faltas e escassas ações atacantes no último terço. Após a expulsão de Florentino, o Benfica, que quase nunca teve soluções para contra-atacar e finalizar com perigo, teve de recuar linhas para tentar segurar o empate.
Arbitragem
Daniel Siebert, que tinha estado em apenas um jogo do Benfica até à noite de quarta-feira, teve uma exibição muito sólida em Istambul e sem influência no resultado final. Acertou na decisão de anular o golo ao Fenerbahçe, que haveria de ser confirmada pelo VAR, e ainda na expulsão de Florentino Luís. Contudo, parece ter ficado um cartão vermelho por mostrar ao colombiano Jhon Durán, no decorrer da primeira parte.
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