"Tenho o prazer de anunciar uma contribuição de 360 milhões de euros para a Gavi nesta cimeira. Este montante faz parte de um compromisso total da 'Equipa Europa' de dois mil milhões de euros, ou mesmo mais", disse a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, durante a reunião de alto nível em Bruxelas coorganizada com a Fundação Gates.
A responsável acrescentou que "em breve" serão assinados "novos mecanismos de garantia de volume, desenvolvidos com o Banco Europeu de Investimento e a Fundação Gates", que vão garantir "mais de 100 milhões de euros para a compra de suprimentos médicos em países em desenvolvimento".
Von der Leyen salientou que "por cada dólar investido em vacinas, obtém-se um retorno de 54 dólares norte-americanos (46 euros), graças a custos de saúde mais baixos e maior produtividade".
"Isto demonstra que as vacinas não só salvam vidas, como também ajudam as nações a prosperar", afirmou a presidente da Comissão Europeia, que elogiou o trabalho da Gavi, recordando que "desde a sua criação, vacinou mais de mil milhões de crianças e ajudou a evitar mais de 18 milhões de mortes".
Nesse sentido, apelou ao "empoderamento das regiões para que fabriquem as suas próprias vacinas", especialmente em África, onde 99% das doses ainda são importadas.
"As vacinas salvaram mais vidas do que qualquer outro avanço médico na história. Mais de 150 milhões de vidas nos últimos 50 anos. Continuam a ser o nosso escudo mais poderoso contra as doenças infecciosas", destacou Von der Leyen.
Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, sublinhou o papel da UE como "parceiro de confiança na saúde global", defendendo o compromisso com a ciência e a investigação face ao "obscurantismo, negacionismo e populismo": "Juntos, fazemos a diferença na vida das pessoas".
Já o fundador da Microsoft e impulsionador da aliança global de vacinas, Bill Gates, referiu as iniciativas para democratizar as vacinas como "um dos esforços mais transformadores do mundo" e anunciou que a Fundação Gates vai contribuir com 1,6 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) para a Gavi nos próximos cinco anos.
O magnata norte-americano explicou como se envolveu nesse trabalho há 25 anos, ao ver que milhares de crianças morriam no mundo por não terem acesso às vacinas devido ao preço elevado. Um quarto de século depois, a humanidade está agora prestes a erradicar a poliomielite e poderá também fazer o mesmo com a malária em cerca de 20 anos, congratulou-se.
Gates acrescentou que o investimento em vacinas nos países em desenvolvimento ajuda esses Estados a serem autossuficientes e também gera benefícios económicos para os quais a Gavi contribuiu com um impacto de 250 mil milhões de dólares (214 milhões de euros).
Na mesma cimeira, realizada após a reunião de líderes da NATO, em Haia, e na véspera de um Conselho Europeu, em Bruxelas, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que um aumento em 30% da contribuição do país para a Gavi entre 2026 e 2030, para um total de 130 milhões de euros.
O presidente de Angola e da União Africana (UA), João Lourenço, elogiou os esforços para fornecer vacinas, mas especialmente para transferir a produção para o continente.
"África não é apenas um beneficiário. África está preparada para ser coautora da nova era. Queremos mais equidade, mais autonomia, mais voz", disse Lourenço, que pediu mais transferências de tecnologias e parcerias bilaterais e posicionou o continente como o motor demográfico de um mundo com populações em envelhecimento.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que proteger mais 500 milhões de crianças até 2030 requer um investimento urgente de pelo menos nove mil milhões de dólares.
"Em tempos em que o ceticismo em relação às vacinas e a desinformação se expandem como incêndios descontrolados, este investimento é mais crucial do que nunca", alertou numa mensagem em vídeo.
O antigo primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso é o presidente da Gavi.
[Notícia atualizada às 19h57]
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