Orangotangos fazem "o que qualquer humano privado de sono faria": Sestas

Os orangotangos enfrentam problemas semelhantes aos dos humanos quando não dormem o suficiente e têm uma estratégia muito idêntica, de fazer uma sesta, de acordo com uma investigação.

Espanha ; Orangotango ; andaluzia ; Málaga ; Jardim Zoológico ; Bioparc Fuengirola

© REUTERS

Lusa
26/06/2025 06:28 ‧ há 4 horas por Lusa

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Orangotangos

"Movimentar-se pela copa das árvores, procurar comida, resolver problemas, socializar --- todas estas são tarefas exaustivas e cognitivamente exigentes", frisou Alison Ashbury, primeira autora do estudo, que juntou investigadores do Instituto Max Planck de Comportamento Animal (MPI-AB) e da Universidade de Konstanz (ambos na Alemanha), em colaboração com cientistas da Universidade Nacional da Indonésia.

 

"Quando um orangotango não dorme o suficiente, faz o que qualquer humano privado de sono faria: rasteja para a cama, deita-se e dorme uma sesta", acrescentou a investigadora, sobre as descobertas que foram publicadas  na revista "Current Biology".

A equipa de investigação trabalhou na floresta tropical da Indonésia para examinar os padrões de sono de orangotangos adultos selvagens, que nunca tinham sido estudados especificamente quanto à sua capacidade de resolver problemas de sono.

O trabalho abriu uma nova perspetiva para a compreensão de como o sono evoluiu nos grandes primatas e nos antepassados humanos.

Os cientistas recolheram dados sobre 53 orangotangos adultos ao longo de 14 anos na Estação de Monitorização de Suaq Balimbing, em Sumatra, registando um total de 455 dias e noites de comportamento dos orangotangos.

Mas o rastreio do sono na natureza representou desafios logísticos para os observadores humanos. Tal como os humanos, os orangotangos selvagens dormem em camas, conhecidas como "ninhos", que proporcionam um local seguro para descansar.

Todas as noites, um orangotango adulto instala-se no alto da copa das árvores da floresta tropical. Aí, passa cerca de dez minutos a construir um ninho: dobrando, partindo e entrelaçando ramos de árvores para criar uma plataforma sólida, com um colchão de folhas e uma almofada para maior conforto.

As mães partilham os ninhos com as suas crias em fase de amamentação, mas, salvo raras exceções, os orangotangos adultos dormem sozinhos. Ao amanhecer, abandonam os seus ninhos para começar o dia.

"Na nossa perspetiva em terra, geralmente não conseguimos ver os orangotangos nos seus ninhos noturnos, mas podemos ouvi-los a movimentar-se e a acomodar-se. Depois, tudo fica quieto, e o contrário acontece de manhã", explicou Caroline Schuppli, principal autora do estudo e líder do grupo no MPI-AB.

Foi a este período intermédio de silêncio que os investigadores chamaram "período de sono" e usaram como indicador para o sono. Descobriram que os períodos de sono dos orangotangos duravam, em média, quase 13 horas.

Os investigadores descobriram também que vários fatores estavam associados a períodos mais curtos de sono noturno: dormir perto de outros orangotangos, temperaturas noturnas mais amenas e deslocações mais longas.

Para perceber como os orangotangos recuperam da perda de sono, a equipa analisou como a duração das sestas variava em relação ao descanso da noite anterior.

Encontraram um claro efeito compensatório, pois as sestas dos orangotangos eram mais longas nos dias seguintes a períodos mais curtos de sono noturno e, quando dormiam, dormiam mais 5 a 10 minutos por cada hora a menos de sono na noite anterior.

"Para os humanos, mesmo uma sesta curta pode ter efeitos restauradores significativos", lembrou a coautora Meg Crofoot, diretora do MPI-AB e professora na Universidade de Konstanz.

Os ninhos diurnos são cruciais para esta estratégia. Comparativamente aos orangotangos de muitas outras populações, os orangotangos de Suaq constroem ninhos com maior frequência durante o dia.

Estes ninhos são mais simples e rápidos de construir do que os noturnos, demorando normalmente menos de dois minutos, mas ainda assim oferecem um local estável e seguro para dormitar.

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