Os três países rejeitaram "categoricamente" os "planos e declarações extremistas" do ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, sobre a construção de mais de 3.000 casas nos arredores de Jerusalém, o que isolaria a parte oriental da cidade do resto da Cisjordânia -- ambos territórios ocupados por Israel desde 1967.
"É um novo indício da arrogância e do desvio israelita, que não trará segurança nem estabilidade aos países da região, incluindo Israel. Israel tem de responder às legítimas aspirações do povo palestiniano", afirmou um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio.
O Egito considerou que estas "políticas de colonatos e as condenáveis declarações de responsáveis do Governo israelita incitam ao ódio, ao extremismo e à violência" e "contradizem os esforços para estabelecer uma paz duradoura e abrangente no Médio Oriente".
No mesmo sentido, a Jordânia, através do porta-voz da diplomacia, Sufian Qudah, alertou para "a contínua política expansionista extremista do Governo israelita na Cisjordânia ocupada, que incentiva a continuação de ciclos de violência e conflito" no Médio Oriente.
Smotrich, ministro de extrema-direita que integra o Governo de Benjamin Netanyahu e que detém amplas competências nos assuntos relacionados com os colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada, celebrou hoje a aprovação dos planos, cuja ratificação está prevista para a próxima semana.
O plano israelita, segundo Smotrich, "'enterra' finalmente a ideia de um Estado palestiniano, porque não há nada a ser reconhecido e ninguém para ser reconhecido".
O grupo Peace Now, organização israelita contrária ao estabelecimento de colonatos, criticou hoje as posições do executivo de Benjamin Netahyahu, incluindo o anúncio de Smotrich e do gabinete militar responsável pela gestão dos novos colonatos.
"Estamos à beira de um abismo, e o Governo está a avançar a 'todo o vapor'", denunciou a organização Peace Now.
O projeto prevê a construção de mais de 3.000 habitações na zona e inclui também o desenvolvimento de uma nova estrada para separar o tráfego palestiniano do israelita, ligando Belém a Ramallah sem passar por Jerusalém.
O Qatar, que está a mediar, em conjunto com o Egito e os Estados Unidos, uma trégua em Gaza, apelou, por seu lado, para que "a comunidade internacional se una para obrigar a ocupação israelita a travar os seus planos de colonização e a cumprir as resoluções de legitimidade internacional".
A Liga Árabe, composta por 22 países, considera que a criação de um Estado palestiniano na Cisjordânia ocupada e em Gaza, com capital em Jerusalém Oriental, é a única solução para o conflito no Médio Oriente.
As condenações aos planos de Smotrich surgem poucas horas depois de o organismo pan-árabe, bem como vários governos de países que o integram, terem rejeitado declarações do primeiro-ministro israelita à estação i24News, em que Benjamin Netanyahu afirmou sentir-se muito ligado à visão do chamado "Grande Israel".
O termo abrange territórios palestinianos ocupados por Israel na guerra de 1967, assim como partes da Jordânia e do Egito.
Durante vários anos, as autoridades israelitas evitaram a implementação do projeto de construção, conhecido como E1, devido à pressão da comunidade internacional, que teme que a expansão dos colonatos impeça o estabelecimento de um Estado palestiniano contíguo a Jerusalém Oriental.
No próximo mês, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, vários países, como França, Canadá, Austrália e Portugal, devem reconhecer oficialmente o Estado palestiniano.
O principal tribunal das Nações Unidas, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), declarou no ano passado que a presença de Israel nos territórios ocupados palestinianos é "ilegal" e apelou à suspensão imediata da construção de colonatos, condenando o controlo de Israel sobre as terras que conquistou há quase 60 anos.
Leia Também: Israel anuncia novos colonatos para "enterrar" Estado da Palestina