O diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) admite que tem havido um aumento do número de partos fora do domicílio ou de hospitais, no entanto, recusa fazer uma relação desse número com o encerramento de urgências de obstetrícia e ginecologia.
"Há, de facto, um aumento ligeiro do número de partos fora do domicílio e dos hospitais, cerca de mais seis este ano face ao ano anterior, mas que não corresponde, ou que não está diretamente relacionado, com os encerramentos de urgências. Isso porque o número de encerramentos é menor este ano do que foi o ano passado", afirma, em entrevista à SIC Notícias, garantindo que, no entanto, o Executivo já está "a analisar cada um dos 56 casos" que têm conhecimento, para "tentar perceber porque é que há esse pequeno aumento este ano".
Para o responsável, "são poucos casos em valor absoluto, o que significa que cada um terá uma especificidade". "Estamos a tentar encontrar um padrão, linhas comuns, que nos permitam atuar e corrigir determinadas matérias", afiança.
O diretor-executivo do SNS lamenta a situação, contudo realça que, "em determinados casos, a situação desenvolve-se com uma rapidez tal que nunca seria possível responder", não deixando de reconhecer que, "noutros casos, poderá estar em causa algumas dificuldades no processo de resposta".
Apesar de defender que a situação dos serviços de urgência é, neste momento, "uma situação estabilizada", admite "que não é a ideal, no sentido em que não temos toda a rede que gostaríamos", uma vez que o SNS só possui metade dos médicos obstetras necessários para assegurar todas as urgências.
Para dar resposta a todos os casos, é necessário, na opinião de Álvaro Almeida, assegurar que a rede urgências tenha capacidade de resposta compatível com os recursos disponíveis, o que poderá ser alcançado com a "concentração de urgências", que, assegura, "ainda não estão prevista". Enquanto isso, há uma "solução intermediária", que "são estas urgências rotativas".
Sobre o estado da Saúde em geral, o diretor-executivo do SNS argumenta que "a situação hoje está melhor do que estava o ano passado e que estava há dois anos". "Se podíamos ter feito mais, fizemos o que era possível, melhoramos alguma coisa, não resolvemos os problemas todos, isso é verdade, mas também não vejo como alguém poderia resolver os problemas todos em seis meses ou mesmo em seis anos", atira.
Para o próximo ano, o responsável tem como prioridade "melhorar o funcionamento do SNS nas suas dimensões" e ainda "garantir que todos os cidadãos têm a resposta que precisam".
Falando em medidas concretas, Álvaro Almeida aponta o reforço da capacidade de resposta em cuidados de longa duração, tanto na rede nacional de cuidados continuados, como na rede nacional de cuidados paliativos, "que vai ter mais 100 vagas em equipas de suporte".
"Nós tivemos um aumento da capacidade de cerca de 7% no último ano [na rede de cuidados continuados] Estão programadas mais cerca de 700 camas nas várias tipologias para o próximo ano. E isso cobre as necessidades, que já estão detetadas há muitos anos", garante.
Recorde-se que Álvaro Almeida foi nomeado diretor-executivo do SNS no início do ano, após a demissão de Gandra d’Almeida, após uma investigação jornalística ter revelado que este tinha somado funções irregularmente.
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