À semelhança de Portugal, também Espanha enfrenta uma situação extremamente difícil no que diz respeito aos incêndios florestais, com os bombeiros a lamentar as péssimas condições em que têm de trabalhar.
As chamas preocupam bastante na região de Castela e Leão, especialmente em Zamora e Leão. O El País falou com alguns dos bombeiros que combatem os incêndios desde a semana passada, e há declarações que foram amplamente partilhadas, lamentando-se a falta de coordenação, a escassez de abastecimento e, sobretudo, os salários e ausência de reconhecimento.
"Para ganhar uns míseros 1.300 euros [por mês], é preciso trabalhar 22 dias como um animal, incluindo pagamentos extras e bónus. Sem isso, nem 1.000 euros, abaixo do salário mínimo", lamentou um bombeiro voluntário, que falou ao diário espanhol sob condição de anonimato.
De realçar que, atualmente, o salário mínimo em Espanha é de 1.184,50 euros por mês.
Note-se que os países do sul da Europa continuavam hoje a combater incêndios no meio de uma onda de calor e a situação mais grave encontra-se em Espanha, onde já se registaram três mortes no combate aos fogos.
Um homem de 36 anos morreu hoje, depois de ter ficado em estado crítico juntamente com outras cinco pessoas no combate a um incêndio na região de Castela e Leão, que já tinha causado uma vítima mortal.
O primeiro-ministro, Pedro Sánchez, lamentou "a morte de um segundo voluntário em Leão" e salientou que "a ameaça continua a ser extrema" em Espanha, para onde a França enviou hoje dois Canadair.
Espanha, onde já tinha morrido na terça-feira um homem a combater um incêndio perto de Madrid, entrou no 12.º dia de alerta de onda de calor.
Onze incêndios estão classificados no nível 2 (de uma escala de quatro), o que implica o envio de pessoal adicional, nomeadamente militar, e de equipamento de combate a incêndios.
O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, disse na televisão pública TVE que "uma área significativa foi queimada" em Zamora e que este incêndio era muito preocupante.
O ministro apelou aos voluntários que combatem os incêndios para que "obedeçam imediatamente" às instruções das autoridades e à população para que abandone imediatamente as zonas afetadas quando houver uma situação de risco.
Enquanto a maioria dos espanhóis procura refrescar as casas à noite, outros têm de se confinar ou abandonar apressadamente as habitações devido ao avanço das chamas.
Desde o início dos incêndios, 10.700 pessoas foram retiradas de casa, segundo o Ministério do Interior.
País na linha da frente do aquecimento global na Europa, Espanha está habituada a temperaturas extremas, mas há alguns anos que enfrenta uma multiplicação e intensificação das ondas de calor, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Desde o início do ano, 148.205 hectares foram consumidos pelas chamas no país, de acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), e foram registados 200 incêndios.
Além de Castela e Leão, a Galiza (noroeste), a região de Valência (leste) e a Estremadura (oeste) são motivo de grande preocupação, e cerca de 15 eixos rodoviários estavam cortados, de acordo com um mapa da Direção-Geral do Tráfego (DGT).
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