Portugal atravessa uma vaga de grandes incêndios florestais que, nas últimas semanas, afetaram muitos pontos do país - sobretudo na região norte.
Nos teatros de operações, as máquinas de rastos são muitas vezes utilizadas no combate às chamas. Segundo a Infopédia, máquina de rastos é uma designação dada "a diferentes veículos equipados com lagartas, próprios para a realização de trabalhos (agrícolas, de construção, etc.) em terrenos acidentados".
O que são máquinas de rastos?
As máquinas de rastos são de várias tipologias, desde escavadoras a tratores, passando por bulldozers, que estão equipadas com esteiras ('lagartas') em vez das rodas convencionais.
Os bulldozers, ou tratores de esteira, são as máquinas de rastos que mais habitualmente surgem associadas ao combate a incêndios, estando munidos de grandes lâminas à frente e de 'rippers' atrás. Estes têm o formato de ganchos de grandes dimensões, 'rasgando' o terreno de modo a prepará-lo. Já a lâmina frontal move e nivela terrenos.
A título de exemplo, uma máquina de rastos recentemente vista numa imagem numa publicação nas redes sociais do Exército português é uma Komatsu D65EX. Este trator de rastos tem 220 cv de potência às 1.950 rotações por minuto, debitados por um motor turbocomprimido de seis cilindros. A caixa de velocidades é automática.
O seu raio mínimo de viragem, segundo as especificações do fabricante, pode atingir os 2,2 metros (consoante o tipo de lâmina). As lâminas podem exercer pelo menos de 0,53 kg por centímetro cúbico de pressão sobre o solo. Quanto ao peso, varia entre os 21.180 kg e os 23.040 kg. Atrás, há ‘rippers’ de três dentes controlados hidraulicamente.
Para que servem?
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil explicou o seu uso no contexto dos incêndios: "Permitem criar ou ampliar faixas de contenção, facilitando o acesso de outros meios de combate e contribuindo significativamente para a consolidação do perímetro de incêndio durante as fases de rescaldo".
Aquela entidade esclareceu que a utilização envolve "uma estratégia previamente definida, coordenada por profissionais com profundo conhecimento do terreno". São tidos em conta diversos critérios relativos ao ponto de situação do fogo, tal como da topografia e acessibilidade aos locais. Sendo veículos de grandes dimensões, não podem ir ou ser transportados a todos os locais.
Máquinas de rastos são perigosas
Esta quarta-feira de madrugada, um homem de 65 anos morreu ao ser atingido por uma máquina de rastos, confirmou ao Notícias ao Minuto fonte do Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil das Terras de Trás-os-Montes. As notícias sobre fatalidades na operação deste tipo de veículos não são incomuns, havendo riscos associados à sua utilização.
Pesados e capazes de arrastarem grandes quantidades de materiais, estas máquinas envolvem riscos de acidentes graves caso a utilização e interação com as mesmas não seja respeitada.
O operador deve garantir que os terrenos são estáveis e que está bem fixo no veículo, além de ter equipamento de proteção e de evitar comportamentos que possam originar quedas (o próprio posto de operação está em posição alta).
Também podem acontecer incidentes como quedas no acesso ou saída, incluindo em situações nas quais a máquina não está assente num plano nivelado. E, como tudo, uma máquina de rastos deve ser utilizada respeitando as capacidades para as quais está concebida.
Se abandonar a máquina, deve certificar-se de que esta fica totalmente imobilizada e em segurança. Já quem está no exterior, deve manter uma distância de segurança razoável para prevenir incidentes.
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