Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, todas as tentativas anteriores de aproximar Kyiv e Moscovo falharam e, antes do seu reencontro com Vladimir Putin, Trump sinalizou uma proposta de troca de territórios como parte da solução de paz, que nenhuma das partes mostrou até ao momento disponibilidade para aceitar.
Estes são alguns dos principais acontecimentos relacionados com os passos do dirigente republicano em direção a um acordo, que começaram com um período de aproximação a Putin e isolamento do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, seguidos de desilusão com o líder do Kremlin e realinhamento parcial com a NATO.
20 de janeiro de 2025
O presidente russo felicita Donald Trump no dia do seu regresso à Casa Branca e manifesta o desejo de "contactos diretos".
Volodymyr Zelensky espera que o novo presidente norte-americano ajude a alcançar uma "paz justa e duradoura" no conflito no seu país.
21 de janeiro de 2025
No seu primeiro dia de trabalho na Sala Oval, Trump reafirma que pretende encontrar-se com Putin, considerando que será do seu interesse, uma vez que deixou a economia russa em "grandes problemas" e ameaça agravar as sanções caso se recuse a iniciar negociações.
23 de janeiro de 2025
O presidente norte-americano exorta a Arábia Saudita e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a baixarem os preços do petróleo, argumentando que "a guerra entre a Rússia e a Ucrânia terminaria imediatamente".
12 de fevereiro de 2025
O presidente norte-americano provoca estupefação ao anunciar, após um telefonema com Putin, que tinha concordado iniciar negociações diretas imediatas, ao mesmo tempo que considerou irrealista a adesão da Ucrânia à NATO e o regresso às fronteiras anteriores à anexação da Crimeia por Moscovo em 2014.
Em reação, Zelensky insta os aliados europeus a evitarem um acordo forjado "pelas costas" de Kyiv e da Europa.
14 de fevereiro de 2025
O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, lança críticas sem precedentes aos valores europeus, num discurso durante a Conferência de Segurança de Munique, que era focada na Ucrânia mas o tema passou quase despercebido na intervenção do político norte-americano.
18 de fevereiro de 2025
Decorrem em Riade conversações diretas entre os Estados Unidos e a Rússia, ao nível de chefes da diplomacia, as primeiras desde a invasão russa da Ucrânia. As partes concordam trabalhar para pôr fim à guerra e restabelecer os laços bilaterais.
19 de fevereiro de 2025
Trump declara que está desiludido com Zelensky e com as suas críticas de ser manipulado por Moscovo e acusa o líder ucraniano de ser "um ditador sem eleições", impopular e "um comediante modestamente bem-sucedido" que convenceu Washington a gastar milhões de dólares "numa guerra que não poderia ser vencida".
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, elogia o presidente norte-americano por ter reconhecido "alto e bom som" que o anterior apoio de Washington à adesão de Kyiv à NATO foi uma das causas da guerra.
25 de fevereiro de 2025
A Rússia saúda "a posição equilibrada" dos Estados Unidos por terem votado na ONU, ao lado da Rússia (e também de várias ditaduras inimigas de Washington), contra uma resolução preparada por Kyiv e pelos aliados europeus a condenar a agressão na Ucrânia.
28 de fevereiro de 2025
Zelensky é recebido na Sala Oval por Trump e JD Vance perante as câmaras dos jornalistas, numa reunião em que os líderes norte-americanos despejam uma série de acusações contra o líder ucraniano.
Trump e Vance afirmam que Zelensky é ingrato, "já não tem cartas para jogar", além de "brincar com as vidas de milhões de pessoas, e com a Terceira Guerra Mundial" e desrespeitar aos Estados Unidos.
O presidente ucraniano abandona Washington sem assinar um acordo sobre exploração de minerais raros que estava em cima da mesa.
Os principais líderes europeus expressam apoio a Zelensky e criticam o comportamento de Trump na Sala Oval.
4 de março de 2025
Os Estados Unidos determinam a suspensão do apoio militar e partilha de informações com Kyiv, após Trump ter afirmado que estava "a perder a paciência" com o líder ucraniano.
6 de março de 2025
O enviado norte-americano, Steve Witkoff, confirma que planeia encontrar-se com uma delegação ucraniana para discutir um cessar-fogo, saudando um "pedido de desculpas" que terá constado numa carta de Zelensky a Trump.
7 de março de 2025
Após várias semanas de críticas de alinhamento com Moscovo, Trump ameaça com sanções "em grande escala" para forçar negociações diretas com a Ucrânia.
11 de março de 2025
Delegações da Ucrânia e dos Estados Unidos reúnem-se em Jeddah, na Arábia Saudita, e Kyiv concorda com um cessar-fogo de 30 dias, que Putin só aceitará se conduzir a uma "paz duradoura".
18 de março de 2025
Os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia falam por telefone e concordam com um cessar-fogo limitado a ataques contra alvos energéticos e civis.
25 de março de 2025
Os Estados Unidos anunciam uma trégua no Mar Negro e na insistência num cessar-fogo sobre alvos energéticos, que vai falhar após acusações recíprocas de violações sucessivas.
30 de março de 2025
Trump responsabiliza Putin pelo fracasso da trégua e está "furioso", ameaçando penalizar as exportações russas de petróleo.
7 de abril de 2025
Entra em vigor uma trégua de três dias decretada unilateralmente por Putin para as cerimónias dos 80 anos do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. Kyiv recusa e os seus ataques aéreos lançam o caos nos aeroportos russos.
19 de abril de 2025
Zelensky aceita um cessar-fogo unilateral ordenado horas antes pelo homólogo russo durante a Páscoa, embora assinale que Moscovo já está a violar a sua própria trégua.
26 de abril de 2025
Os presidentes da Ucrânia e dos Estados Unidos encontram-se em Roma, à margem do funeral do Papa Francisco, num ambiente bastante mais amigável do que a anterior reunião na Casa Branca.
Após ter mostrado exasperação com ambas as partes e de prever que a Crimeia "ficará com a Rússia", Trump admite pela primeira vez que "talvez Putin não queira terminar a guerra".
1 de maio de 2025
Kyiv e Washington assinam o acordo para a exploração de minerais raros, petróleo e gás na Ucrânia, após meses de negociações, e que prevê a criação de um "fundo de investimento para a reconstrução".
15 de maio de 2025
Delegações da Rússia e da Ucrânia reúnem-se para conversações em Istambul pela primeira vez desde o início de 2022 e chegam a acordo para trocas de prisioneiros de guerra e corpos de soldados mortos, mas não evoluem na solução do conflito.
Trump comenta que não espera grandes progressos até que ele próprio se encontre com Putin, que decide enviar uma equipa técnica à cidade turca. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, concorda e diz que "essa reunião é certamente necessária".
25 de maio de 2025
O presidente norte-americano afirma que o homólogo russo "ficou completamente louco", após um ataque aéreo em grande escala na Ucrânia, e avisou que qualquer tentativa de conquistar todo o território ucraniano vai levar "à queda da Rússia".
2 de junho de 2025
A Rússia propõe um cessar-fogo parcial "de dois a três dias em certos setores da frente de batalha", durante uma segunda ronda de conversações em Istambul, e exige a retirada das tropas ucranianas das quatro regiões que reclama no país vizinho como condição para uma trégua mais alargada.
Kyiv rejeita "ultimatos irrealistas" e lamenta que as negociações se tenham transformado "em reuniões sobre trocas de prisioneiros".
5 de junho de 2025
Trump compara a Rússia e a Ucrânia a duas crianças pequenas que se odeiam e considera que talvez seja melhor deixá-las "lutar durante algum tempo" antes de as separar e alcançar a paz.
16 de junho de 2025
Os Estados Unidos cancelam uma reunião com a Rússia sobre a normalização do trabalho das suas missões diplomáticas.
25 de junho de 2025
Termina em Haia a Cimeira da NATO com decisões à medida do presidente norte-americano, como o investimento dos aliados em 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, mas também a reafirmação do artigo 5.º que prevê proteção mútua, embora a declaração final seja menos contundente em relação à ameaça russa do que em reuniões anteriores.
3 de julho de 2025
Putin insiste que "não desistirá dos objetivos" no território ucraniano, mas está aberto a continuar as negociações sobre a Ucrânia, numa chamada telefónica com Trump, que reconhece não ter alcançado qualquer progresso com a conversa.
8 de julho de 2025
Os Estados Unidos vão retomar o fornecimento de armamento defensivo à Ucrânia, após várias pausas e sucessivas campanhas de bombardeamentos massivos da Rússia, uma medida contestada pelo movimento MAGA ("Tornar a América Grande Novamente"), base de apoio de Trump.
14 de julho de 2025
O presidente norte-americano continua desapontado com Putin, devido à ausência de acordo sobre a Ucrânia, ameaça impor tarifas secundárias de 100% aos importadores de petróleo russo, e confirma a entrega de armas a Kyiv, ao abrigo de um esquema de financiamento assumido pelos aliados da NATO.
23 de julho de 2025
Delegações de Moscovo e de Kyiv voltam a encontrar-se em Istambul e novamente a reunião apenas produz trocas de prisioneiros.
28 de julho de 2025
Trump reduz um ultimato anterior, de 50 dias para dez, para Moscovo aceitar negociações de paz na Ucrânia sob ameaça de novas sanções e tarifas a países terceiros.
30 de julho de 2025
Os Estados Unidos anunciam tarifas de 25% sobre os produtos da Índia, além de um imposto de importação adicional (25%) devido à compra de petróleo russo por Nova Deli.
1 de agosto de 2025
O líder da Casa Branca envia dois submarinos nucleares para as proximidades da Rússia, na sequência de "comentários provocatórios" do antigo presidente russo Dmitri Medvedev, que avisara que cada novo ultimato de Trump sobre a Ucrânia "era uma ameaça e um passo para a guerra" com os Estados Unidos.
No mesmo dia, Trump descreve como "repugnantes" os últimos ataques russos na Ucrânia, nos quais dezenas de civis foram mortos.
7 de agosto de 2025
Os Estados Unidos e a Rússia confirmam uma cimeira entre os respetivos presidentes, após uma reunião de três horas em Moscovo de Steve Witkoff com o líder do Kremlin, realizada a dois dias de expirar o ultimato de Trump.
9 de agosto de 2025
O presidente ucraniano mantém múltiplos contactos com os seus aliados de Kyiv e rejeita qualquer cedência territorial à Rússia como parte de um acordo de paz, conforme sugerido anteriormente por Trump.
Do mesmo modo, Zelensky, que não foi convidado para a cimeira de alto nível, adverte que qualquer decisão tomada sem Kyiv "nasce morta".
12 de agosto de 2025
A porta-voz da Casa Branca reduz as expectativas sobre a cimeira agendada entretanto para o Alasca e prevê que servirá para Trump "obter uma melhor compreensão" da forma de acabar com a guerra.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia reúnem-se de urgência e mostram apoio à iniciativa do presidente norte-americano sobre a Ucrânia, mas reiteram que uma "paz justa e duradoura" exclui "alterações de fronteiras pela força".
13 de agosto de 2025
Os líderes da Alemanha, França e Reino Unido reúnem-se virtualmente com Trump e Zelensky, em conversas separadas, e todos expressam uma confiança de que saia da cimeira no Alasca um cessar-fogo.
"Os interesses fundamentais da segurança europeia e ucraniana devem ser protegidos" na reunião, alertou o chanceler alemão, Friedrich Merz, que tomou a iniciativa destes contactos prévios.
14 de agosto de 2025
Vladimir Putin elogia os esforços "enérgicos e sinceros" dos Estados Unidos para pôr fim aos combates na Ucrânia, na véspera da cimeira no Alasca com o homólogo norte-americano.
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