"Em certo sentido, ser incluída nesta lista de cerca de 250 organizações é uma honra para a RSF. A falta de justificação sugere que esta decisão é um reconhecimento de todo o trabalho da organização, desde a exfiltração de jornalistas russos até às transmissões via satélite do Svoboda", afirmou o diretor-geral da RSF, Thibaut Bruttin, num comunicado divulgado pela ONG internacional sem fins lucrativos.
O Pacote de Satélite Svoboda ("liberdade" em russo) operado pela RSF é uma solução de transmissão concebida para levar "fontes de notícias fiáveis a regiões e populações alimentadas por desinformação e propaganda", de acordo com a ONG.
O pacote está disponível para 4,5 milhões de lares na Federação Russa e aproximadamente 800 mil na Ucrânia, que podem todos assistir a novos canais de televisão por satélite sem qualquer equipamento adicional, adiantou.
Thibaut Bruttin garantiu que a RSF vai continuar a investigar e a denunciar a guerra do regime de Vladimir Putin contra a informação, bem como os crimes contra jornalistas, tanto na Rússia como na Ucrânia.
"Ao classificar a RSF - uma organização que luta pelo jornalismo - como uma 'organização indesejável', a mensagem do Kremlin [presidência russa] é clara: continua a cruzada para silenciar todas as vozes livres que denunciam a censura e propaganda. Mas não nos silenciará", afirmou o responsável.
Os RSF denunciam regularmente estas violações da liberdade de expressão e prestam apoio a jornalistas perseguidos na Rússia.
A inclusão da RSF na lista russa de "organizações indesejáveis" proíbe a atividade no país, indicou o Ministério da Justiça russo, em plena repressão da dissidência e das críticas contra a guerra na Ucrânia.
Desde a ofensiva em grande escala contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, as autoridades russas intensificaram fortemente a repressão contra vozes dissidentes, prendendo centenas de pessoas e proibindo dezenas de ONG e meios de comunicação social.
A legislação sobre organizações indesejáveis foi aprovada em 2015 e tem como objetivo regular ONG e outras entidades que recebem financiamento de fontes estrangeiras.
Nesta lista constam também a Amnistia Internacional, a Greenpeace e a Freedom House, entre outras.
Na Rússia, declarar uma "organização indesejável" significa, na prática, proibir atividades, ficando exposta a processos judiciais e a eventuais penas de prisão as pessoas que nela trabalham ou que a financiam.
Até fazer a mínima referência ou republicar informação de qualquer "organização indesejável" pode desencadear processos administrativos e criminais, alertou a RSF, na mesma nota.
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