"Iniciámos a retirada obrigatória de famílias com crianças da cidade de Druzhkivka" e de várias aldeias vizinhas, informou o governador da região leste de Donetsk, Vadym Filashkin, acrescentando que 1.879 menores ainda se encontravam no local.
Esta cidade, que tinha cerca de 30 mil habitantes antes da guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, está localizada nas proximidades de Kramatorsk, que alberga uma importante base logística do Exército ucraniano.
Filashkin relatou uma grande intensidade dos bombardeamentos na região e o perigo que representam, sem se referir ao avanço das forças russas, que já obrigou a ordens de evacuação anteriores em várias zonas de Donetsk.
As tropas de Moscovo têm avançado a um ritmo excecionalmente elevado neste setor estratégico da frente oriental da Ucrânia.
Esta progressão ocorre em vésperas da cimeira entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, na sexta-feira no Alasca, focada no conflito na Ucrânia.
Na terça-feira, os soldados russos fizeram o seu maior avanço diário em território ucraniano em mais de um ano, de acordo com uma análise da agência France-Presse (AFP) com base em dados fornecidos pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede em Washington.
Procurando uma vantagem negocial antes da cimeira e com o objetivo de impor o que chama "realidade no terreno", a Rússia intensificou a sua ofensiva no coração do Donbass, no leste da Ucrânia, embora à custa de 60 mil baixas só em julho, segundo o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
Há dois dias, várias unidades russas conseguiram abrir uma cunha com 10 quilómetros de profundidade nas defesas ucranianas entre os bastiões de Pokrovsk e Kostantinivka, na província de Donetsk, anteriormente considerada irredutível.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reconheceu a incursão russa, embora, posteriormente, especialistas militares de ambos os lados tenham minimizado a magnitude da operação.
Já hoje, o porta-voz do grupo operacional das forças ucranianas na região de Dnipro, Viktor Trehubov, indicou que a progressão das tropas russas na direção de Pokrovsk foi travada.
"Foram parados nesta altura, e agora as forças que entraram estão a ser localizadas e sujeitas a destruição", declarou à agência de notícias ucraniana Ukrinform, com o Estado-Maior do Exército de Kyiv a referir que a situação tende a estabilizar.
Moscovo, no entanto, afirma ter capturado várias aldeias e melhorado as suas posições em direção a Dobropilia, um cruzamento que conduz a Kramatorsk, o principal bastião ucraniano em Donetsk.
Antes da cimeira no Alasca, o Presidente ucraniano assinalou que Moscovo está a considerar enviar dezenas de milhares de soldados como reforços para as frentes de Kherson e Zaporijia, a fim de lançar uma nova ofensiva no sul da Ucrânia.
Enquanto Zelensky se dedicava a uma atividade diplomática frenética para que a posição de Kyiv não fique à margem da cimeira no Alasca, para a qual não foi convidado, as forças ucranianas prosseguem os seus ataques em profundidade no território russo.
Um bombardeamento com drones provocou hoje um grande incêndio numa refinaria de petróleo da Lukoil na região de Volgogrado, segundo o governador regional, Andrei Bocharov.
Treze pessoas, duas delas crianças, foram hoje hospitalizadas em Rostov, no sul da Rússia, após um ataque com um drone ucraniano no centro da cidade, de acordo com as autoridades locais.
"Treze pessoas ficaram feridas, incluindo duas crianças", escreveu o governador de Rostov, Yuri Slyusar, na plataforma Telegram.
De acordo com o Kremlin, a cimeira entre Trump e Putin tem início às 11h30 locais (20h30 em Lisboa) de sexta-feira, na base militar de Elmendorf-Richardson nos arredores de Anchorage, no Alasca, e será seguida de uma conferência de imprensa conjunta.
Em primeiro lugar, haverá um encontro presencial entre os dois líderes, seguido de conversações com delegações compostas por cinco altos funcionários.
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