Numa mensagem de áudio transmitida à notícias France-Presse (AFP) por uma fonte da segurança na região do Lago Chade, um tenente do grupo extremista afirmou que a notícia da morte do líder era "completamente falsa", acrescentando que se encontrava junto Ibrahim Mahamadou, conhecido como Bakura, e classificando o anúncio de mera propaganda.
Na quinta-feira à noite, o exército nigerino garantiu ter "neutralizado o infame Bakura, numa operação cirúrgica de precisão exemplar", a 15 de agosto, na ilha de Shilawa, no sudeste do país, sendo que nenhuma prova foi apresentada pelas autoridades.
Especialistas pediram prudência em relação ao anúncio da morte.
"Acho que é preciso ser muito cauteloso, já anunciaram várias vezes a morte de alguns líderes terroristas e muitas vezes isso foi desmentido", sublinhou o investigador do Centro Nacional de Investigação Científica e especialista no grupo Boko Haram, Vincent Foucher.
Foucher, bem como outro especialista europeu em grupos extremistas na África Ocidental, indicaram que, de acordo com as suas fontes, Bakura ainda estaria vivo.
O Boko Haram, uma das principais organizações extremistas da região, lançou em 2009 na Nigéria uma insurreição que causou cerca de 40.000 mortos e mais de dois milhões de deslocados, antes de se espalhar pela bacia do Lago Chade, na fronteira entre o Níger, Nigéria, Chade e Camarões.
Em meados da década de 2010, o então líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, foi várias vezes anunciado como morto antes de reaparecer regularmente em vídeos.
Shekau acabou por falecer em 2021 e Bakura substituiu-o.
O Níger sofreu os primeiros ataques deste grupo em 2015 em Bosso, cidade situada nas margens do Lago Chade.
O país da África Ocidental é governado há dois anos por um regime militar que chegou ao poder através de um golpe de Estado, mas que tem dificuldade em conter a violência no país.
Além da sua zona oriental, onde o Boko Haram está ativo, o Níger combate grupos armados ligados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico na sua parte ocidental, perto das fronteiras com o Burkina Faso e o Mali.
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