Kilmar Ábrego García, o salvadorenho que foi deportado dos Estados Unidos "por engano", deixou a prisão esta sexta-feira, no estado norte-americano do Tennessee.
O jovem de 30 anos já está a caminho de Maryland, para se reunir com a família, segundo o advogado Sean Hecker, citado pela NBC News.
A defesa considerou que o salvadorenho foi "preso e deportado ilegalmente e, em seguida, encarcerado, tudo por causa do ataque vingativo do governo a um homem que teve a coragem de lutar contra o contínuo ataque da administração ao Estado de Direito".
O juiz federal Waverly Crenshaw, de Nashville, confirmou, no mês passado, a ordem de libertação emitida pela juíza federal Barbara Holmes, por considerar que o homem não representava um risco para a comunidade e que não havia perigo de fuga. Ainda assim, Holmes adiou a libertação por 30 dias, a pedido da defesa de Ábrego García, que temia que as autoridades norte-americanas pudessem deter o seu cliente e deportá-lo para um país que não El Salvador, noticiou a agência Reuters.
Além disso, a juíza federal Paula Xinis, de Greenbelt, em Maryland, ordenou que as autoridades avisassem os advogados do salvadorenho com três dias de antecedência antes de o enviar para outro país, por forma a que a defesa conseguisse contestar a deportação.
É que, saliente-se, as autoridades de imigração podem deter Ábrego García na sua chegada a Maryland e tentar enviá-lo para o México ou para o Sudão do Sul, apesar de o homem ser casado com uma norte-americana e de ser detentor de um estatuto legal que o protege da deportação.
Ábrego García, um trabalhador da construção civil de Maryland, tornou-se um ponto de inflamação sobre as políticas de imigração do presidente norte-americano, Donald Trump, depois de ter sido erradamente deportado para El Salvador, em março.
O homem fugiu de El Salvador devido a extorsões e ameaças que ele e a sua família receberam do gangue Barrio 18, de acordo com documentos judiciais apresentados pela sua defesa.
As autoridades norte-americanas admitiram posteriormente que a deportação para El Salvador tinha sido um "erro administrativo", apesar de a administração Trump argumentar que Ábrego García, que não tem registo criminal nos Estados Unidos que o ligue ao crime organizado, é membro do gangue MS-13 - um grupo que foi recentemente denominado como uma organização terrorista global numa ordem executiva.
O salvadorenho foi devolvido aos Estados Unidos no passado mês de junho para enfrentar acusações de tráfico de seres humanos, das quais disse ser inocente.
Estas acusações remontam a um encontro que o jovem teve com agentes da polícia no Tennessee, em 2022, quando viajava com vários imigrantes alegadamente sem documentos.
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