Neonazi alemão muda de género para cumprir pena em prisão feminina

Sven Liebich, que chegou a ser fotografado em comícios de extrema-direita com um uniforme nazi, mudou o nome para Marla-Svenja Liebich antes de começar a cumprir uma pena de 18 meses de prisão pelo crime de incitamento ao ódio.

Marla-Svenja Liebich, Sven Liebich, Alemanha,

© Sebastian Willnow/picture alliance via Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues
21/08/2025 10:13 ‧ há 10 horas por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Alemanha

Um neonazi alemão condenado pelo crime de incitação ao ódio deverá cumprir pena numa prisão feminina após ter mudado de nome e oficializado a mudança de género, aproveitando uma nova política do governo da Alemanha.

 

Segundo o jornal alemão FAZ, Sven Liebich - que chegou a ser fotografado em comícios de extrema-direita com um uniforme nazi - mudou o nome para Marla-Svenja Liebich e deverá ir para a Prisão Feminina de Chemnitz, na Saxónia.

Liebich foi condenado, em julho de 2023, a um ano e seis meses de prisão sem liberdade ao ódio pelos crimes de incitação ao ódio e difamação pelo Tribunal Distrital de Halle, quando ainda era conhecido como Sven.

Liebich recorreu da sentença, mas perdeu. No final de 2024, decidiu alterar o seu género de masculino para feminino e alterou também o primeiro nome, aproveitando a Lei da Autodeterminação de Género da Alemanha. 

A lei entrou em vigora a 1 de novembro e tem como objetivo facilitar a alteração do registo de género e nome para pessoas transgénero, intersexuais e não binárias com cidadania alemã ou residência fixa no país. Desde então passou a ser possível fazer as alterações em conservatórias do registo civil, sem necessidade de uma decisão judicial.

No entanto, a imprensa alemã começou a questionar se a mudança de Liebich, que era membro do grupo neonazi 'Blood and Honour', seria séria ou uma tentativa de cumprir a pena de prisão em Chemnitz. 

"É duvidoso que a mudança seja séria", escreveu a revista Der Spiegel. "Liebich é conhecida há anos por suas opiniões extremistas de direita e também já fez declarações homofóbicas no passado".

Aliás, antes da mudança de género, Liebich manifestava-se contra o que chamava de "ideologia de género", descrevia os participantes de marchas LGBT como "parasitas" e chegou a vender 'souvenirs' onde se lia "não existem crianças ‘trans’, apenas pais idiotas".

Nas redes sociais, Liebich, que agora se apresenta com vestidos e um bigode, anunciou que irá "cumprir a pena de prisão em conformidade com a lei". "No dia 29 de agosto de 2025, às 22h00, apresentar-me-ei com as minhas malas na prisão de Chemnitz", escreveu.

No entanto, o procurador Dennys Cernota explicou à estação alemão MDR que, antes de entrar no estabelecimento prisional de Chemnitz, Liebich será entrevistada para determinar se a sua prisão representa uma ameaça à segurança para as restantes reclusas e, caso se confirme, poderá ser novamente transferida.

Liebich moveu uma ação judicial contra os meios de comunicação alemães que a acusam de mentir sobre a sua identidade de género.

De acordo com a BBC, o Conselho de Imprensa da Alemanha rejeitou a sua queixa contra a Der Spiegel por considerá-la infundada, após a revista alemã ter sugerido que Liebich poderia ter alterado o seu género para "provocar e embaraçar o Estado".

Liebich também perdeu um processo contra o jornalista Julian Reichelt, do Bild, que, em julho, afirmou: "Quem acompanha as reportagens sobre o neonazi Sven Liebich só pode chegar a uma conclusão: o governo de coligação conseguiu, por lei, forçar quase toda a media alemã a dizer inverdades e fazer afirmações grotescamente falsas. Sven Liebich não é uma mulher".

Leia Também: Chéquia poderá ter maior limite de velocidade na União Europeia

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