O presidente da Argentina, Javier Milei, e a secretária-geral da Presidência, e também sua irmã, Karina Milei, foram denunciados, na quarta-feira, por corrupção ligada a contratos de fornecimento de medicamentos através da Agência Nacional de Deficiência (Andis).
A denúncia foi apresentada pelo advogado Gregoria Dalbón, que representa Cristina Fernández, ex-presidente da Argentina, que acusou a existência de um "esquema de cobrança e pagamento de multas relacionadas com a compra e fornecimento de medicamentos, com afetação direta aos fundos públicos, factos que enquadram os delitos de conivência, administração fraudulenta, negociações incompatíveis com o exercício de funções públicas e violação da lei de Ética Pública".
Além dos irmãos Milei, foram ainda acusados outros funcionários públicos, como o assessor 'Lule' Menem, o titular da Andis, Diego Spanuolo, e o proprietário da empresa comercializadora de medicamentos, Eduardo Kovalivker.
Note-se que a acusação surge horas depois de vários meios de comunicação argentinos terem divulgado um conjunto de áudios em que, alegadamente, Diego Spagnuolo explica detalhadamente o esquema de cobrança de subornos ligados à empresa de medicamentos.
Num dos áudios ouve-se Spagnuolo a admitir a existência de uma rede de subornos com o conhecimento do presidente argentino: "Ele não está envolvido, mas é toda a gente dele".
Já num outro áudio, Spagnuolo refere que avisou Javier Milei e, num outro, afirma que o circuito seria gerido por uma empresa ligada à família Menem. Nestas mensagens, são identificados como supostos responsáveis da rede de corrupção Karina Milei - irmã do presidente - e 'Lule' Menem.
A denúncia dá ainda conta de que a empresa comercializadora de medicamentos atuava como um canal para desvio de fundos públicos através de sobrepreços e taxas exigidas aos fornecedores.
O advogado Dalbón pediu para que fossem feitas buscas nas sedes da Andis, na Secretaria-geral da Presidência e também na empresa de medicamentos. Foi também pedida uma análise dos movimentos financeiros.
Paralelamente à denúncia, os opositores de Javier Milei pediram para que Karina Milei e Spagnuilo fosse ouvidos para darem explicações sobre o caso.
Os pedidos ocorreram durante uma sessão convocada para tratar, entre outras questões, da declaração de emergência em matéria de deficiência, uma medida que obriga o Estado a aumentar os fundos de assistência ao setor e que foi vetada no início do mês por Javier Milei.
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