O caso de Lyle e Erik Menendez poderá estar a chegar ao fim. Os irmãos, condenados por assassinarem os seus pais, em 1989, vão comparecer, entre hoje (quinta-feira) e amanhã (sexta-feira), a uma comissão judicial que analisará o pedido de liberdade condicional.
Lyle e Erik, sublinhe-se, foram condenados a prisão perpétua em 1996 após um julgamento mediático. No entanto, em maio, um juiz decidiu rever a pena dos irmãos, reduzindo-a para 50 anos, com possibilidade de liberdade condicional.
A comissão ouvirá primeiro Erik, de 54 anos, e, no dia seguinte, será a vez de Lyle, de 57. Ambas as sessões serão feitas por videoconferência e, pela primeira vez, os dois irmãos não estarão juntos numa audiência.
De acordo com a BBC, as audiências representam um momento crucial para a possível liberdade dos dois irmãos. Caso a comissão decida conceder-lhes liberdade condicional, a recomendação será apresentada ao governador da Califórnia, Gavin Newsom, para que seja aprovada após uma revisão da divisão jurídica.
Se for aprovada a liberdade condicional, Erik e Lyle poderão sair da prisão dentro de semanas ou meses.
Recorde o caso dos irmãos Menendez
Na noite de 20 de agosto de 1989, a polícia foi chamada a uma mansão em Beverly Hills. Ali, encontraram os corpos de José Menéndez e sua esposa, Kitty, no chão, atingidos por tiros de espingarda e irreconhecíveis. O caso chocou a comunidade local e adensou-se quando os filhos do casal Erik e Lyle Menendez se tornaram suspeitos do crime.
Erik e Lyle entraram na mira das investigações depois de começarem a ostentar uma vida luxuosa com a herança deixada pelo casal, comprando apartamentos, carros de luxo e outros artigos dispendiosos. A prova cabal, porém, veio com a confissão de Erik ao seu psicólogo, Jerome Oziel, que acabou por denunciá-lo às autoridades.
Os irmãos tinham 18 e 21 anos, respetivamente, e após um julgamento mediático, foram condenados, em 1996, a prisão perpétua.
As provas (que foram) excluídas do julgamento
Note-se que, embora não tenham negado ter cometido o crime, os irmãos alegaram terem agido em legítima defesa, na sequência de anos de abusos sexuais por parte do pai.
Os advogados de defesa de Erik e Lyle consideraram que os irmãos deveriam de ter uma redução da pena, com base em novas provas que davam conta dos abusos levados a cabo por Jose. Entre elas está uma carta cunhada por Erik e enviada a um primo, Andy Cano, em dezembro de 1988 – meses antes dos homicídios.
"Tenho andado a tentar evitar o pai. Continua a acontecer, Andy, mas agora é pior para mim. Nunca sei quando vai acontecer e está a deixar-me louco. Todas as noites fico acordado a pensar que ele pode entrar [no quarto]. Preciso de tirar isto da minha cabeça. Eu sei o que disseste antes, mas tenho medo. Tu não conheces o pai como eu. Ele é louco!", lia-se no documento partilhado nas redes sociais pelo procurador distrital do condado de Los Angeles, George Gascón.
Mais tarde, um juiz do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles, referiu que essas evidências constituíam uma prova 'prima facie'.
De notar que o caso dos irmãos Menendez foi bastante mediático na altura do seu julgamento na década de 90 e voltou à ribalta quando foi feita uma série para a Netflix - 'Monstros: A história de Lyle e Erik Menendez' - baseada na história de Lyle e Erik. Posteriormente, foi lançado também um documentário.
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