Quatro empresas israelitas tinham pedido espaço para um 'stand' na feira profissional, marcada para 20 de novembro, mas a autorização foi negada, adiantou à televisão pública neerlandesa NOS Hans Huigen, diretor da Associação Neerlandesa da Indústria para a Defesa e Segurança (NIDV), que organiza a feira.
"A situação em Gaza agravou-se de tal forma que a agitação social, tanto a nível global como na Europa e nos Países Baixos, só está a aumentar. Comunicámos-lhes a nossa preocupação com a segurança na feira se eles participarem", explicou Huigen, citado pela agência de notícias EFE.
O mesmo responsável considerou que a deterioração da situação humanitária em Gaza não é tanto a razão subjacente para recusar a participação israelita, mas os riscos de segurança e possíveis protestos.
"Não nos cabe a nós emitir uma opinião sobre essa questão, mas temos um ouvido e uma visão do que está a acontecer na sociedade e na política a este respeito", disse.
A feira NEDS teve a participação de empresas israelitas nos últimos anos, o que já gerou tensões, notou Huigen, lembrando que no ano passado, os organizadores "tiveram de reforçar muito a segurança, e este ano isso só aumentaria" com a presença de empresas israelitas.
No ano passado, houve confrontos entre a polícia e manifestantes contra a presença destas empresas em Roterdão.
Além disso, Huigen salientou que os Países Baixos defendem, no âmbito da UE, a suspensão da parte comercial do acordo de associação com Israel.
"Neste contexto, é muito difícil justificar que estas empresas sejam bem-vindas na feira. A agitação social também podia ser dirigida contra o nosso evento. Se o que aconteceu no ano passado é alguma indicação, esperávamos que este ano fosse ainda pior, dada a situação em Gaza", acrescentou.
A decisão de banir as empresas israelita foi tomada pelo NIDV internamente, sem consultar o governo, de acordo com Huigen.
Mais de 62.000 pessoas foram mortas em Gaza desde o início da ofensiva israelita, em outubro de 2023, numa situação denunciada como genocídio por países como a África do Sul perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), uma qualificação que também tem sido usada por organizações internacionais e israelitas de direitos humanos.
Além disso, Israel aprovou na quarta-feira o controverso plano de expansão dos colonatos junto a Jerusalém Oriental, na área conhecida como 'E1', que impedirá o acesso à cidade a partir da Cisjordânia ocupada e dificultará a criação de um Estado palestiniano contíguo.
O Governo dos Países Baixos denunciou que esta abordagem constitui "uma clara violação do Direito internacional e tornaria praticamente impossível um futuro Estado palestiniano".
As autoridades neerlandesas também declararam dois ministros de extrema-direita do executivo de Benjamin Netanyahu -- Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich -- como 'persona non grata' no território, pelo que os governantes estão impedidos de viajar para este país da UE.
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